O objetivo deste trabalho foi caracterizar as diferenças ocorridas, após a atividade da mineração de cassiterita, em uma área de floresta amazônica. As amostras foram coletadas, superficialmente, em área de mineração de cassiterita na Floresta Nacional do Jamari (RO), ao longo de uma linha compreendendo: floresta, capoeira, piso de lavra, área de deposição de rejeito seco e área de deposição de rejeito úmido. Em cada situação descrita foram coletadas cinco amostras, que serviram como repetição, totalizando 25. Nas amostras coletadas foram realizadas análises físicas e químicas. O processo de extração de cassiterita promoveu alterações significativas nos atributos dos solos estudados. A matéria orgânica, o fósforo disponível, a densidade de partículas e a resistência à penetração foram os mais alterados pelo processo de supressão da vegetação original e extração do minério.
Palavras-chaves: área degradada, recuperação, solo, mineração
The present work had as objective to evaluate the differences in the substratum after tin mining in an area of amazon forest. The samples were collected, superficially, in an area of tin mining in the National Forest of Jamari, State of Rondonia, along a transect with: forest, forest regrowth, mining floor, dry tailing and moist tailing. In each situation 5 samples were collected, considered replicates, in a total of 25 samples. In the collected samples, physical and chemical analyses were accomplished. The obtained results allowed concluding that the process of tin extraction promoted significant alterations in the properties of the studied soils. Organic matter and P contents, bulk and particle density and resistance to penetration were the most affected by the processes of suppression of the original vegetation and tin extraction.
Key words: degraded area, recovery, soil, mining
A mineração de superfície é, em geral, uma atividade que pode provocar degradação ambiental bastante intensa, com forte efeito perturbador na paisagem, pois requer a remoção da vegetação, do solo e das rochas que estejam acima dos depósitos minerais (FONTES, 1991).
A extração de cassiterita, feita a céu aberto, emprega um processo de lavra quase que totalmente mecânico, utilizando-se vários equipamentos, cujo tráfego altera sensivelmente os atributos do solo que vai ser minerado. No entanto, essas alterações não decorrem somente do tráfego intenso de máquinas e equipamentos, mas de todas as operações que antecedem ou sucedem a retirada do minério. Assim, os impactos diretos no solo e no subsolo também são causados pelas escavações, pelos depósitos de materiais estéreis e rejeitos, pelas estradas de acesso, pela imposição de superfícies diferentes do relevo original, tal como a eliminação de picos e serras.
Uma ocupação em larga escala, descontrolada e indiscriminada em áreas de floresta, como a Amazônica pode causar conseqüências ecológicas definitivas, como destruição de bancos genéticos, degradação dos solos, alterações climáticas e dos ciclos hidrológicos, dentre outras. Sendo o Brasil um País em desenvolvimento, é evidente que a exploração de suas jazidas minerais torna-se necessária, a fim de promover incrementos econômicos. Uma exploração controlada e racional dos minérios da região Amazônica torna-se aceitável, desde que as áreas degradadas sejam adequadamente recuperadas.
Esse trabalho serve de subsídio para futuras atividades de recuperação dessas áreas, uma vez que o conhecimento do solo/substrato onde as essas obras serão realizadas é fundamental para o sucesso do empreendimento. São poucos os trabalhos que relatam as alterações ocorridas em solos tropicais pela mineração na literatura nacional. Assim, o objetivo principal deste trabalho é avaliar os atributos físicos e químicos de solos e substratos ao longo de uma linha, constando de floresta, capoeira, piso de lavra, área de depósito de rejeito seco e área de depósito de rejeito úmido, apontando as diferenças ocorridas após a atividade de mineração de cassiterita em área de floresta amazônica.
As amostras de solo foram coletadas na Floresta Nacional (FLONA) do Jamari, administrada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Minerais Renováveis – IBAMA, situada a 90 km da cidade de Porto Velho (RO), no município de Itapuã d'Oeste. Apresenta uma área aproximada de 225.000 ha, da qual 90% estão cobertas por floresta tropical aberta (RADAMBRASIL, 1978).
Nas cercanias da área selecionada para estudo predominam Latossolo Vermelho-Amarelo distroférrico e Latossolo Amarelo distroférrico ( FRANÇA, 1991 e EMBRAPA, 1999), sendo a amostragem realizada em Latossolo Vermelho-Amarelo, conforme levantamento realizado anteriormente.
O clima da região é quente e úmido, com temperaturas médias de 24 ºC, apresentando uma precipitação pluvial anual de 2.550 mm, com a máxima de dezembro a março. A umidade relativa fica em torno de 80% a 85%, havendo uma estação seca bem definida, com seu período mais crítico de julho a agosto.
Pelo mapa geológico (MELO et al., 1978), verifica-se para as cercanias da área de trabalho a presença de materiais do cenozóico (Terciário-Quaternário) cuja litoestatigrafia é representada pela Formação Solimões, com as seguintes litologias: arenitos, siltitos, argilitos interdigitados, conglomerados ocasionais, lentes e veeiros gipsíferos e calcíferos, linhitos e colúvios. No local de amostragem, o material de cobertura do solo é argiloso, acompanhado de grande quantidade de concreções ferruginosas. Geomorfologicamente, faz parte da "Planície Amazônica" (MELO et al., 1978), composta por três subunidades, em função dos níveis topográficos existentes e de suas peculiaridades – fisionomia do relevo – sendo de interesse, sobretudo, a faixa de transição entre a Superfície Pediplanada e as Áreas Dissecadas.
Desde o início da década de 70, vem sendo explorada cassiterita na FLONA do Jamari; essas atividades têm criado áreas degradadas cuja recuperação vem sendo tentada. As áreas perturbadas possuem superfícies que variam entre 5 e 60 ha.
Nas áreas de mineração da CESBRA, os locais de deposição de rejeito seco e alagado e as áreas denominadas de piso de lavra ocupam a maior porcentagem das áreas degradadas, necessitando assim, de atenção bastante especial .
As amostras foram coletadas com o auxílio de um trado, na área denominada Serra da Onça, coordenadas UTM, zona 20, 496.721E e 8.987.202N, ao longo de uma linha, compreendendo floresta, capoeira, piso de lavra, área de deposição de rejeito seco e área de deposição de rejeito arenoso. As amostras foram coletadas superficialmente na camada de 0-20 cm, em intervalos regulares de 20 metros.
As análises granulométrica, pelo método da pipeta, densidade de solo, usando o anel volumétrico e densidade de partículas, pelo método do balão volumétrico (KIEHL, 1979) foram realizadas no Laboratório de Solos da Faculdade de Engenharia Agrícola/UNICAMP, e as análises relativas à fertilidade, no Laboratório de solos da UNESP, campus de Jaboticabal.
Para as análises químicas, as amostras foram retiradas com o auxílio de um trado e analisadas para pH (CaCl2); teor de matéria orgânica, fósforo disponível (P) e os teores de potássio (K), cálcio (Ca) e magnésio (Mg) e teor de alumínio (Al) extraído. Os valores da capacidade de troca de cátions (T) e saturação por bases (V%), foram obtidos por cálculo, conforme RAIJ et al. (1991). As curvas de resistência à penetração foram tomadas diretamente no campo, utilizando-se um penetrômetro mecânico nas diferentes situações estudadas.
As cinco repetições de cada situação estudada foram comparadas pela análise de variância, enquanto a comparação de médias foi feita pelo teste F a 5% de probabilidade.
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