Produção de biomassa de hortelã sob diferentes
dosagens de húmus de minhoca em dois solos:
areia quartsoza e vertissolo

  1. Resumo
  2. Introdução
  3. Revisão de literatura
  4. Material e métodos
  5. Resultados e discussão
  6. Conclusões
  7. Bibliografia

RESUMO

Objetivou-se neste trabalho verificar a produção da biomassa de plantas de hortelã submetidas a diferentes doses de vermicomposto sob dois solos. O experimento foi realizado no laboratório de Botânica do Departamento de Fitossanidade, da Escola Superior de Agricultura de Mossoró-RN. Foram comparadas as doses do vermicomposto 0, 5, 10, 15, 20, 25 e 30% em dois em um vertissolo ebânico e num neossolo quartzarênico. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado em esquema fatorial 7 x 2, onde o primeiro fator refere-se às doses de húmus de minhoca, o segundo fator refere-se aos tipos de solo, com seis repetições.

Foram avaliados o peso da massa fresca e seca, o comprimento de raiz e a altura das plantas. A aplicação de doses crescentes do vermicomposto, nos dois solo, não proporcionou as plantas de hortelã diferença significativa para a altura. No entanto, promoveu aumento do peso da massa fresca e da massa seca em ambos os solos.

O vertissolo ebânico apresentou 6,14g de massa fresca a 16,14% do vermicomposto e 0,80g de massa seca a 16% do vermicomposto.

O neossolo quartzarênico apresentou menor peso de massa fresca e seca, com 4,42g de massa fresca a 16,08% do vermicomposto e 0,52g de massa seca a 16,46% do vermicomposto. Para o comprimento de raiz a dose de 30% foi a que apresentou maior valor, não havendo diferença significativa entre os solos estudados.

  1. INTRODUÇÃO

Com o decréscimo de qualidade no atendimento médico e nos serviços de saúde pública nos países mais pobres, ganha força um modelo de assistência médica comunitária preventiva que incorpora técnicas alternativas como a medicina popular, as ervas medicinais, a homeopatia, a acupuntura e outros conceitos e práticas naturais de cura.

Embora muitas pessoas ignorem a importância das plantas medicinais, sabe-se hoje que toda a farmacologia tem como base exatamente os princípios ativos das plantas. Na verdade, a farmacologia moderna não existiria sem a botânica, a toxicologia e a herança de conhecimentos adquiridos através de séculos de prática médica ligada ao emprego dos vegetais.

Apesar do avanço da tecnologia, que diariamente cria novos compostos e substâncias sintéticas com poderes medicinais, mais de 40% de toda a matéria-prima dos remédios encontrados hoje nas farmácias continua sendo de origem.

O Hortelã Mentha piperita L. Planta da família das Labiadas que mede cerca de 40cm, de folhas alongadas. Muito utilizada na medicina popular em forma de chá, essência, óleo, tintura, xarope ou folhas secas. Usado para limpar o sangue, a cura úlceras, para doenças do útero, ovários, nevralgias, sífilis, inflamação da garganta e coceiras. Internamente atua contra a fadiga, problemas digestivos, cólicas, gases, vômitos, intoxicações gastrintestinais, doenças do fígado, palpitações, tremores, bronquite, dores dentárias e nevralgias da face.

Em forma de óleo é usada externamente para diminuir a sensação de dor em casos de nevralgias e dores dentárias, também é utilizado como estimulante, colagoga, anti-séptica, antiespasmódica, analgésica, expectorante e digestiva. Dentre as opções para a regeneração da fertilidade do solo pode-se citar a adubação orgânica (húmus de minhoca, esterco, composto, chorume, biofertilizante), uma alternativa perfeitamente viável para os produtores descapitalizados do semi-árido nordestino.

As atividades das minhocas têm um efeito benéfico no solo. Os buracos extensos aumentam a drenagem e a aeração do solo, mas a mistura e o revolvimento da terra são mais importantes. A terra mais profunda é trazida para a superfície com dejetos, e o material orgânico é transportado para os níveis inferiores.

O húmus de minhoca apresenta as textura semelhante ao pó de café, não tem cheiro, não fermenta é riquíssimo em população microbiana e é um regenerador biológico do solo. Apresenta algumas vantagens tais como: controlar a tóxidez do solo, corrigindo excessos de alumínio, ferro, manganês, principalmente, regular o pH, evitar que os nutrientes da planta se perca aos volatilização ou lixiviação, melhorar e estrutura do solo, facilitado a circulação da água e do ar, facilitar a absorção de água pelas raízes dos plantas, aumentar a capacidade de retenção de águas de 4 a 6 vezes mais.

Diante do exposto, objetivou-se neste trabalho avaliar o desenvolvimento de plantas de hortelã submetidas a doses crescentes de húmus de minhoca em dois tipos de solo.

2 - REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Plantas medicinais e seu uso

Há milhares de anos, o homem vem utilizando as plantas medicinais nos tratamentos e cura de diversas doenças. Nas grandes cidades, esta antiga forma de tratamento foi deixada de lado sendo substituída por remédios alopáticos, porém de alguns anos para cá o mercado de plantas medicinais vem aumentando de uma forma muito intensa (JEHA, 2000).

As plantas medicinais que estiveram até então associadas à cultura brasileira de uma forma tradicional, fazendo jus à riqueza da flora nacional, ganharam um significativo apoio da legislação a partir de 1995 com as resoluções do Ministério da Saúde que as consideram também "Medicamentos", de forma oficial (MAGALHÃES, 2001).

A produção de plantas medicinais está atualmente no centro de discussões de temas muito variados, como a preservação do meio ambiente e de nosso patrimônio genético, envolvendo-se questões até em discussões sobre saúde pública e leis de patentes (MONTANARI JUNIOR, 2001).

2.2. Fitoterapia

A fitoterapia consiste no conjunto de técnicas de utilização dos vegetais no tratamento e na recuperação da saúde. Comporta numerosas escalas que estudam e empregam as plantas medicinais, das mais simples e empíricas, às científicas e experimentais.

Como método terapêutico, a fitoterapia faz parte dos recursos da medicina natural e está presente também na tradição da medicina popular e nos rituais indígenas. Em sua forma mais rigorosa, abrange os princípios e as técnicas da botânica e da farmacologia (BONTEMPO, 1994).

2.3. Hortelã-menta

O Hortelã Mentha piperita L. Planta da família das Labiadas que mede cerca de 40cm, de folhas alongadas. Muito utilizada na medicina popular em forma de chá, essência, óleo, tintura, xarope ou folhas secas. Usado para limpar o sangue, a cura úlceras, para doenças do útero, ovários, nevralgias, sífilis, inflamação da garganta e coceiras. Internamente atua contra a fadiga, problemas digestivos, cólicas, gases, vômitos, intoxicações gastrintestinais, doenças do fígado, palpitações, tremores, bronquite, dores dentárias e nevralgias da face.

Em forma de óleo é usada externamente para diminuir a sensação de dor em casos de nevralgias e dores dentárias, também é utilizado como estimulante, colagoga, anti-séptica, antiespasmódica, analgésica, expectorante e digestiva (SERAFINI, 2003).

Herbácea, de 30-60 cm, ligeiramente aveludada; raiz fibrosa, rampante; caule ereto, quadrangular, avermelhado, ramoso, de ramos eretos e opostos, emitindo estólones rampantes e radicantes; folhas opostas, decussadas, curtamente pecioladas, planas, oval-lanceoladas, agudas, serrilhadas, um pouco pubescentes, crivadas de lacunas transparentes; flores violáceas, numerosas, curtamente pedunculadas, reunidas em verticilos separados uns dos outros e formando, na extremidade dos caules, espigas muito densas, ovóides, munidas de brácteas lineares, ciliadas nas margens; cálice gamossépalo, persistente, tubuloso, com 5 dentes quase iguais; corola gamopétala, infundibuliforme, tubo do comprimento do cálice, cilíndrico, limbo com quatro lóbulos, estilo filiforme, reto, saindo fora da corola; fruto formado de 4 aquênios (CORREA, 1984).

2.4. Matéria orgânica (M.O.)

KIEHL (1985) In Miranda (1995) comenta que o homem através dos séculos vem perscrutando em busca da sobrevivência. Num primeiro momento, era dominado pela natureza onde sua vida nômade obrigava-o a sair em busca de alimentos. O segundo grande momento foi marcado pela sua fixação à terra.

Através da descoberta da agricultura, o homem deixou de ser nômade e passou a viver de forma sedentária plantando para sua subsistência e partindo desde então, em busca de terras ricas em matéria orgânica pois esta tem sido considerada há milênios como o principal fator de fertilidade do solo. Para Miranda (1995) o homem pode dispor de várias fontes, tais como, esterco de animais, vinhaça, adubação verde, dentre outros que se constituem em objeto de estudos de vários pesquisadores.

De acordo com COSTA (1994) em virtude do alto custo de fertilizantes químicos, tem-se cultivado hortaliças com adubos orgânicos de várias origens, visando não somente a produção como também a melhoria das propriedades físicas e químicas do solo.

Nascimento (1996), cita que, Kiehl (1985) afirma que os adubos orgânicos, além de atuarem como reserva de macro e micronutrientes e facilitarem a absorção desses nutrientes melhoram as propriedades físicas do solo e ampliam a sua atividade microbiana, resultando em aumento do crescimento das plantas.

De acordo com RODRIGUES (1994), os benefícios que os adubos orgânicos promovem nas plantas decorrem de um grande número de efeitos, que atuam conjuntamente após sua incorporação ao solo, tais como o fornecimento de macro e micro nutrientes cuja absorção pelas raízes é muitas vezes facilitada, a diminuição da acidez do solo, que contribui para aumentar a disponibilidade de nutrientes, e para tornar indispensáveis o Al e o Mn e o aumento da CTC, devido as frações coloidais da matéria orgânica.

A fertilização orgânica tem um certo número de propriedades benéficas, tais como, melhorar a capacidade do solo no que diz respeito a retenção de água; melhorar a microflora do solo, proporcionar ao solo elementos minerais, em quantidades não desprezíveis, sobretudo N, S, P, Mg e K além de aumentar a mobilidade e disponibilidade do manganez para as plantas em solos ácidos adubados organicamente (CHABOUSSOU, 1987).

A crescente disponibilidade de fósforo em solos com adubos orgânicos decorre de alguns fenômenos como a mineralização do P orgânico, a ação de populações de fungos e bactérias e a formação de ácidos orgânicos, produzidos durante a decomposição da material orgânica que solubiliza o fósforo ligado ao cálcio e magnésio, dentre outros (RODRIGUES, 1994).

A mineralização da matéria orgânica, libera quantidade significativas de micronutrientes que podem se tornar tóxicas quando encontradas em altos teores no solo (NASCIMENTO, 1996).

2.5. A minhoca

A minhoca conhecida como Vermelha da Califórnia (Eisenia foetida) da Ordem Haplotaxida, Subordem Lumbricina e da família Lumbricidae. Foi descoberto na Califórnia em 1954 e possui coloração rosada escura. É muito prolífica e tem um ciclo de vida quatro vezes superior ao de outras minhocas facilmente encontradas. Todas as minhocas comem diariamente uma quantidade de alimento igual ao próprio peso (FERREVZZI, 1989).

Esta minhoca como as demais oligoquetas são escavadoras e caminha no solo comendo permanentemente a terra com a matéria orgânica. Ao mesmo tempo que vai comendo, vai abrindo pequenos galerias que torna o solo, arejado, solto e misturado, contribuindo para a transformação desta fina mistura de substâncias do solo (dejetos vegetais em decomposição, terra, areia, minerais, etc) que ao passar pelo seu corpo, serão transformados em solo extraordinariamente enriquecido. Que ao ser comparada com outra mistura que não sofreu este processo, é muito diferente, pois possue, aproximadamente 5 vezes mais nitrogênio, 7 vezes mais potássio e o dobro de cálcio e de magnésio (GRZYBOWSKI, 1994).

Como foi inicialmente demonstrado por Charles Darwin (1881) citado por Ruppert e Barnes (1996), as atividades das minhocas têm um efeito benéfico no solo. Os buracos extensos aumentam a drenagem e a aeração do solo, mas a mistura e o revolvimento da terra são mais importantes. A terra mais profunda é trazida para a superfície com dejetos, e o material orgânico é transportado para os níveis inferiores.

FERREVZZI, 1989 faz ainda uma comparação de análise química do húmus de minhoca produzida na Califórnia – EUA e afirma que a qualidade de húmus depende muito da qualidade do alimentos das minhocas está em função do tipo de alimento absorvido pela minhoca.

2.5.1. Húmus de minhoca

Segundo ALMEIDA (1994), o húmus de minhoca apresenta as seguintes características: textura semelhante ao pó de café, não tem cheiro, não fermenta é riquíssimo em população microbiana e é um regenerador biológico do solo. Apresenta algumas vantagens tais como:

  • Controlar a tóxidez do solo, corrigindo excessos de alumínio, ferro, manganês, principalmente;
  • Regular o pH;
  • Evitar que os nutrientes da planta se perca aos volatilização ou lixiviação;
  • Melhorar e estrutura do solo, facilitado a circulação da água e do ar;
  • Facilitar a absorção de água pelas raízes dos plantas;
  • Aumentar a capacidade de retenção de águas de 4 a 6 vezes mais;

Segundo SUAREZ (1998), define como sendo análise química do húmus de minhoca padrão ideal, a seguinte:

Umidade ------------------------------------------ 45 a 58%

pH ------------------------------------------------- 7,11 a 7,54%

M. O. ---------------------------------------------- 42 a 56%

N --------------------------------------------------- 1,66 a 2,04%

P --------------------------------------------------- 4,42 a 3,82%

K --------------------------------------------------- 1,44 a 2,23%

Ca -------------------------------------------------- 5,44 a 7,26%

Mg ------------------------------------------------- 0,88 a 1,32%

Fe -------------------------------------------------- 0,82 a 1,84%

Mn ------------------------------------------------- 552 a 767%

Zn -------------------------------------------------- 418 a 1235%

Cu -------------------------------------------------- 193 a 313%

Cobalto -------------------------------------------- 15 a 37%

Carga Bacteriana --------------------------------- 5x 10.8 a 2x 10.12.

2.6. Vertissolo Ebânico

São solos de textura argilosa, normalmente de cor escura, com elevado teor de argila do tipo montmorilonita, que tem a propriedade de se expandir com o umedecimento e se contrair em condições de pouca umidade, o que provoca a formação de fendas com profundidades situadas em torno de 50 cm. Apresentam estrutura em blocos angulares com superfícies de fricção entre agregados, denominada slickenside.

No semi-árido normalmente possuem um horizonte "A" com espessura de cerca de 1,5 m, assentado sobre o horizonte "C" ou regolito, esbranquiçado e bastante delgado, tendo como substrato a rocha calcária (OLIVEIRA, 1979).

2.7. Neossolo Quartzarênico

São solos muito profundos desenvolvidos a partir de sedimentos muito arenosos (menos de 15% de argila), compostos quase que exclusivamente de grãos de quartzo, contendo conseqüentemente pequena quantidade de minerais primários intemperizáveis. Apresentam a seqüência de horizontes "A"-"C", sendo em geral ácidos (OLIVEIRA, 1979).

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Trabalho em casa de vegetação:

O experimento foi conduzido na casa de vegetação da Escola Superior de Agricultura de Mossoró – ESAM, no município de Mossoró – RN, sendo iniciado no dia 29 de setembro e coletado no dia 30 de novembro de 2003, sessenta e dois dias após a semeadura das sementes.

3.2. Caracterização do ambiente:

A cidade de Mossoró – RN, segundo a classificação Köpper, está situada numa região de clima Bswh, tendo como coordenadas geográficas 5º 11’ de latitude, 37º 20’ de longitude oeste e 18m de altitude. A temperatura média anual é de 27,5ºC com 68,9% de umidade relativa (CARMO FILHO et al, 1991).

3.3. Solo utilizado:

O solo foi classificado como neossolo quartzarênico e um vertissolo ebânico. Foi coletado no campus da ESAM e peneirado em malha de 2 mm e acondicionado em recipientes plásticos de 2,0 dm3.

3.4. Caracterização química do solo:

A caracterização química dos solos encontra-se no Quadro 1.

Quadro 1 – Caracterização química do solo (vertissolo).

pH (1:2,5)

Ca

Mg

K

Na

Al

P

SB

Água

KCl

CaCl2

................. cmolc/dm3 .................

(mg/dm3)

 

7,1

6,0

6,5

24,5

9,5

1,52

1,08

0,00

414

36,6

- Analise feita no laboratório de análise de água e fertilidade do solo da Escola Superior de Agricultura de Mossoró (LAAF/ESAM).

Quadro 2 – Caracterização química do solo (areia quartzosa).

pH (1:2,5)

Ca

Mg

K

Na

Al

P

SB

Água

KCl

CaCl2

................. cmolc/dm3 .................

(mg/dm3)

 

6,5

5,5

6,0

1,80

0,30

0,19

0,06

0,00

92

2,36

- Analise feita no laboratório de análise de água e fertilidade do solo da Escola Superior de Agricultura de Mossoró (LAAF/ESAM).

3.5. Água de irrigação:

A água de irrigação foi a disponível na casa de vegetação onde o experimento foi conduzido (Quadro 2). Não foi utilizado água destilada por causa do grande volume requerido diariamente.

Quadro 3 – Análise da água de irrigação.

pH

CE

Ca

Mg

K

Na

Cl

HCO3

CO3

SD

RÃS

RÃS ajustada

CSR

Classe

(ds/m) .......................... m molc/dm3 …………………………… (mg/dm3)

Poços

Açudes

   

8,5

549

0,9

0,5

0,28

3,45

1,8

2,6

0,6

351

4,13

7,06

6,09

0,00

C2S1

- Analise feita no laboratório de análise de água e fertilidade do solo da Escola Superior de Agricultura de Mossoró (LAAF/ESAM).

3.6. Aquisição e aplicação dos adubos orgânicos:

O húmus de minhoca foi adquirido junto ao departamento de Fitossanidade da ESAM, sendo oriundo do minhocario pertencente ao mesmo departamento.

O húmus de minhoca foi aplicado em sete doses diferentes: 0, 5, 10, 15, 20, 25 e 30%. As doses do húmus de minhoca foram testadas em dois tipos de solos: vertissolo e areia quartzosa. As doses foram calculadas pelo volume dos substratos.

3.7. Delineamento experimental:

O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado em esquema fatorial 7 x 2, onde o primeiro fator refere-se às doses de húmus de minhoca utilizadas, o segundo fator refere-se aos tipos de solo. Avaliaram-se o peso da massa fresca e seca, o comprimento de raiz e a altura das plantas. Foram utilizadas 6 repetições.

Realizou-se análise de variância e aplicação do teste de Tukey aos níveis de significância de 1 e 5 % de probabilidade pelo programa SISVAR-UFLA. Foram estimados os modelos de regressão utilizando-se o programa Table Curve.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O resultados das análises de variância das características estudadas neste trabalho são apresentados resumidamente na Tabela 1. Observa-se que para a altura das plantas não houve diferença significativa para as fontes de variação em estudo.

Os resultados obtidos indicam que até os sessenta e dois dias de idade o crescimento do hortelã não dependeu da ação do vermicomposto nem dos solos. Mantovani et al (2003), num estudo realizado com doses crescentes de vermicomposto de lixo urbano, em dois solos (argissolo vermelho-amarelo e um latossolo vermelho distroférrico) na cultura do alface, constataram que ambos os solos interferiram na produção do alface.

Oliveira et al. (2002), encontraram resultados semelhantes ao deste trabalho quando avaliaram diferentes doses de esterco bovino na ausência de adubação mineral em coentro. Alves & Passoni (1997), também não detectaram diferença significativa de altura das plantas nas proporções de composto ou vermicomposto que testou na produção de mudas de Lincania tomentosa.

ALVES & PASSONI (1997), encontraram resultados diferentes num estudo com oiti (Licania tomentosa BENTH). Constataram maior crescimento com relação à altura de mudas cultivadas em subtratos adicionados com composto ou vermicomposto de lixo urbano, havendo após 120 dias, um crescimento linear das mudas para proporções crescentes de composto ou vermicomposto.

Esses mesmos autores observaram que, mesmo nas doses mais elevadas de composto ou vermicomposto de lixo urbano, e até mesmo na substituição total do solo por estes adubos, não ocorreram problemas de germinação ou desenvolvimento das mudas de Licania tomentosa BENTH.

Fontes de

Variação

Altura de Plantas (cm)

Massa Fresca (g)

Massa

Seca (g)

Comprimento de raiz (cm)

Doses (A)

1,28 NS

5,73**

4,54**

3,82 **

Tipos de Solo (B)

0,68 NS

6,77*

9,55**

2,49 NS

A X B

1,47 NS

3,46**

2,35*

0,92 NS

CV (%)

26,90

36,42

40,73

36,15

Tabela 1 – Resumo da análise de variância dos parâmetros estudados.

Com relação à análise de variância da massa fresca das plantas (Tabela 1), verifica-se que houve diferença significativa ao nível de 1% de probabilidade entre as doses do húmus de minhoca e de 5% para os tipos de solos estudados. Houve interação significativa ao nível de 1% de probabilidade entre as doses do húmus de minhoca e os tipos de solo.

Analisando a Figura 1, observa-se que as plantas cultivadas no vertissolo ebânico obtiveram maior massa fresca (6,24g) quando foram adicionados 16,14% do húmus. A partir desta dosagem, na medida em que se aumentou as doses do vermicompsto, houve uma queda constante na massa fresca das plantas.

As plantas cultivadas no neossolo quartzarênico (Figura 1) aumentaram sua massa fresca a medida em que se aumentou as doses do vermicomposto até 16,08%. Nesta dose a massa fresca foi 4,42g. A medida em que se aumentou as doses do vermicomposto, a partir da dose citada a massa fresca das plantas cultivadas no neossolo quartzarênico diminuiu.

Costa et al (1994), em estudos realizados com doses de composto de lixo, em um solo argiloso, constatou que doses muito elevadas deste composto pode diminuir a produtividade da cultura.

Figura 1 – Massa fresca (g) das plantas submetidas a doses crescentes de vermicomposto em um vertissolo ebânico (MF1) e um Neossolo quartzarênico (MF2).

Oliveira et al. (2002) encontraram resultados semelhantes ao avaliar esterco bovino em coentro. Estimaram uma dose ótima de 3,9Kg/m2 de esterco bovino para a produção de massa verde em coentro. Doses utilizadas acima da dose ótima provocou redução na massa verde do coentro.

Observa-se na análise da variância da massa seca (Tabela 1) que houve diferença significativa ao nível de 1% de probabilidade para os solos e para as doses do vermicomposto. Com relação a interação entre as doses do vermicomposto e os tipos de solo houve diferença significativa ao nível de 5% de probabilidade.

Verifica-se na Figura 2 que o maior valor encontrado para a massa seca das plantas cultivadas no vertissolo ebânico foi 0,80g quando adicionou-se 16% do vermicomposto. Doses do vermicomposto superiores a essa proporcionou às plantas queda no peso seco. No neossolo quartzarênico a dose 16,46% do vermicomposto foi a que proporcionou as plantas maior massa seca (0,52g). A partir desta dosagem, na medida em que se aumentou as doses do vermicompsto, houve uma queda constante na massa seca das plantas.

Mantovani et al (2003), constatou em alface que doses maiores que 50tha-1 de vermicomposto de lixo em um argissolo vermelho-amarelo e um latossolo vermelho distroférrico causam queda na produtividade massa seca.

Vogel, et al. (2001) verificou, em mudas de Hovenia dulcis, que a dose de 40% de vermicomposto foi a que proporcionou as plantas a maior massa seca.

Figura 2 – Massa seca (g) das plantas submetidas a doses crescentes de vermicomposto em um vertissolo ebânico (MF1) e um Neossolo quartzarênico (MF2).

De acordo com a Tabela 1, a análise de variância do comprimento de raiz não apresentou diferença significativa entre os dois tipos de solo. Com relação às doses do vermicomposto houve diferença significativa ao nível de significância de 1% de probabilidade. Não houve interação significativa do comprimento de raiz entre os solos e as doses do vermicomposto utilizadas.

Observa-se na figura 3 que o maior valor encontrado para o comprimento de raiz foi verificado quando adicionou-se 30% do vermicomposto. Houve um aumento constante no comprimento de raiz na medida em se aumentou as doses do vermicomposto.

Mantovani et al (2003), também não encontraram diferença das características avaliados entre um solo argissolo vermelho-amarelo e um latossolo vermelho distroférrico, em alface.

Segundo Vogel (2001), esse crescimento pode ser atribuído às melhores condições de fertilidade do substrato.

Resultados semelhantes foram observados por BARICHELLO et al. (1998) que, analisando os efeitos do vermicomposto na produção de mudas de Eucalyptus camaldulensis DEHNH e Eucalyptus saligna SMITH, em recipientes de polipropileno (50cm3), usando casca de Pinus sp triturada como substrato, com doses de até 40% de vermicomposto do volume total do recipiente, obtiveram uma resposta linear no crescimento dessas espécies, não apresentando sintomas de fitotoxicidade.

Figura 3 – Comprimento de raiz (cm) das plantas submetidas a doses crescentes de vermicomposto em um vertissolo ebânico (MF1) e um Neossolo quartzarênico (MF2).

5. CONCLUSÕES

A aplicação de doses crescentes do vermicomposto, nos dois solo, não proporcionou as plantas de hortelã diferença significativa para a altura. No entanto, promoveu aumento do peso da massa fresca e da massa seca em ambos os solos.

O vertissolo ebânico apresentou 6,14g de massa fresca a 16,14% do vermicomposto e 0,80g de massa seca a 16% do vermicomposto. O neossolo quartzarênico apresentou menor peso de massa fresca e seca, com 4,42g de massa fresca a 16,08% do vermicomposto e 0,52g de massa seca a 16,46% do vermicomposto.

Para o comprimento de raiz a dose de 30% foi a que apresentou maior valor, não havendo diferença significativa entre os solos estudados.

BIBLIOGRAFIA

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FRANCISCO DAS CHAGAS MARQUES

Orientador: PATRÍCIO BORGES MARACAJÁ

patricio[arroba]ufersa.edu.br

Monografia apresentada à Escola Superior de Agricultura de Mossoró ESAM, para obtenção do título de Engenheiro Agrônomo. Mossoró Rio Grande do Norte – Brasil dezembro de 2003

Banca examinadora: D. Sc. Patrício Borges Maracajá, D. Sc. Celsemy Eleutério Maia e D. Sc. Rui Sales Junior

DADOS BIOGRÁFICOS DO AUTOR

FRANCISCO DAS CHAGAS MARQUES, filho de José Maria Marques e Maria Estela Marque, nasceu em Mossoró – RN em 01 de junho de 1966.

Concluiu o segundo grau na Escola Estadual Jerônimo Rosado em 1984. Ingressou no curso de Engenharia Agronômica da Escola Superior de Agricultura de Mossoró (ESAM) em Mossoró – RN, no primeiro semestre do ano de 1996.2, concluindo o mesmo em dezembro de 2003.


 
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