Um balanço preliminar do Governo Lula: a grande mudança medida pelos números



 

Qualquer avaliação isenta de um governo específico, ainda que tentativa, deve partir de dados objetivos e concretos sobre o desempenho administrativo desse governo num determinado período de tempo, normalmente o seu mandato constitucional. O governo do presidente Lula, por exemplo, deveria apenas ser avaliado a partir da herança recebida, em 1º de janeiro de 2003, de seu antecessor e com base no legado que pretende deixar, em 31 de dezembro de 2006, a seu sucessor, ainda que este possa ser ele mesmo, eventualmente reeleito, tal como facultado pela Constituição. A prudência recomendaria, portanto, que uma avaliação honesta e completa de seu desempenho no cargo seja feita apenas dentro de aproximadamente doze meses, em fevereiro ou março de 2007, quando todos os dados de 2006 estiverem disponíveis.

Considerando-se, porém, que o governo atual iniciou seu mandato prometendo grandes mudanças no cenário brasileiro – conforme o discurso inaugural do presidente Luis Inácio Lula da Silva, em 1º de janeiro de 2003 – e que este ano promete ser ocupado, mais cedo do que o previsto, pela campanha presidencial para o mandato de 2007-2010 – além do fato de que, não só o período eleitoral, mas todo o ano de 2006 pode ser marcado por comparações entre esta administração e a anterior –, talvez seja justificado um balanço preliminar deste governo. O intuito é tanto mais legítimo quando se observa que diversas peças de propaganda do atual governo têm como objetivo, justamente, a comparação não apenas com o mandato imediatamente anterior, mas com os oito anos da gestão FHC. A finalidade é geralmente triunfalista, pretendendo demonstrar como este governo realizou muito mais do que o precedente, nos mais diversos campos da economia e das políticas setoriais, em especial nas de cunho social.

Tem em vista esses dados da realidade presente, pode ser apropriado tentar uma avaliação preliminar dos resultados alcançados pelo atual governo, mesmo de modo não explicitamente comparatista. Tentarei fazê-lo de modo objetivo, alinhando os pontos positivos e os eventuais pontos negativos nos diversos aspectos da vida nacional e internacional, ou melhor, nos cenários doméstico e externo que interagem com a economia e os demais setores da conjuntura brasileira. Para fazê-lo, nada melhor do que começar com alguns números objetivos, como estes que são abaixo apresentados.

 


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