Gislaine da Nóbrega Chaves (2); Maria Otilia Telles Storni (3)
Neste texto, descrevemos três oficinas de coleta de dados que se constituíram em realidade planejada, através da qual um grupo de mulheres da zona rural narrou aspectos de suas histórias e concepções sobre a leitura, desconstruindo e reconstruindo conceitos e valores. No aporte prático e teórico das oficinas, priorizamos a experiência com os objetos, com as pessoas e a socialização das experiências. Na primeira oficina, utilizamos desenhos e elementos da natureza; na segunda, recorte e colagem, e, finalmente, na terceira, os suportes informacionais que fazem parte do cotidiano das mulheres do assentamento APASA. Durante as oficinas, as colaboradoras trouxeram à tona memórias das suas histórias individuais e coletivas marcadas pela subsistência e lembranças da luta pela terra.
Neste artigo, relata-se o percurso metodológico traçado a partir da realização de três oficinas (Ops), cujo objetivo foi coletar dados para a pesquisa, que resultou na dissertação de mestrado intitulada PRÁTICAS DE LEITURA COM MULHERES NO ASSENTAMENTO APASA (Associação dos Agricultores da PAZZA do Abiaí) – PB, defendida no Curso de Mestrado em Ciência da Informação, em novembro do ano 2000.
Participou das Ops um grupo de mulheres da comunidade de APASA, assentadas que valorizam a terra como um bem precioso, de onde podem retirar os frutos para a subsistência do seu grupo familiar e comunitário. Em sua maioria são casadas, mães e têm escolarização entre 1ª e 5ª série.
Compreendem-se as Ops como realidade planejada, em que as pessoas têm oportunidade de refletir, discutir, socializar e avaliar determinados temas e situações-problema. As oficinas também são utilizadas nos processos de formação em educação popular, por algumas associações, sindicatos, ONG’s e entidades que compõem os novos movimentos sociais no campo e na cidade.
As Ops ocorreram no período de três meses e duraram cerca de três horas e meia cada uma delas, com as seguintes temáticas: 1) História de Leitura, abordando as histórias e conceitos de leitura das colaboradoras; 2) Textos Não-Escritos, focalizando as leituras sobre rádio e TV, e, 3) Textos Escritos e Cantados, com ênfase na Bíblia e nos Cânticos Religiosos.
Optou-se por relatar as oficinas porque, combinadas com a observação participante e conversas informais, constituíram o eixo da metodologia e das técnicas de pesquisa. Vale destacar que as oficinas foram filmadas e gravadas em fita cassete com a permissão do grupo e da comunidade, sem qualquer constrangimento. Abordar-se-á, em seguida, o método que fundamentou as oficinas de pesquisa.
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