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Os cupins tornaram-se importantes pragas da cana-de-açúcar, principalmente, as espécies Heterotermes tenuis e Cornitermes cumulans, pois são as mais freqüentes e de maior distribuição nesta cultura (ARRIGONI et al. 1989).
Os prejuízos causados por cupins, no Brasil, chegam a 10 ton/ha/ano, segundo a estimativa de NOVARETTI (1985), enfatizando a necessidade de controle dessas pragas com o uso de inseticidas de alto poder residual. Até 1985, a aplicação de inseticidas clorados era comum, porém a portaria 328 do Ministério da Agricultura de 2 de setembro de 1985 proibiu o uso desse grupo de agrotóxicos, fazendo-se necessário o estudo de novas moléculas de inseticidas ou outras alternativas.
A partir dessa data iniciou-se uma busca mais acelerada de novos inseticidas que pudessem substituir os clorados com a mesma eficiência e custo.
ALMEIDA et al. (1989) verificaram que os cupins dos gêneros Cornitermes, Procornitermes, Syntermes e Heterotermes são os que ocorrem com mais freqüência nos canaviais, porém os mais maléficos são Procornitermes e Heterotermes. Nesse trabalho, com controle químico, os autores observaram que os inseticidas heptacloro e endosulfan, ambos clorados, foram os mais eficientes para impedir a ação desses insetos.
LOGAN et al. (1992) testaram os inseticidas granulados clorpirofós, isofenfós, clorpirifós pó, forate e carbofuran na saia de Arachis hypogea para o controle de cupins. Esses autores verificaram que o clorpirifós foi tão eficiente quanto o aldrin, utilizado como padrão. O isofenfós e o clorpirifós granulados reduziram o dano de poda, mas o efeito residual foi baixo.
Os outros tratamentos não foram eficientes.
Segundo MACEDO (1995) os inseticidas para controle de cupins registrados para a cultura da canade- açúcar são isasofós e o fipronil, porém o isasofós foi retirado do mercado por efeitos maléficos ao homem.
MACEDO et al. (1997) testaram os inseticidas fipronil (Regent 800 WG: 200, 300 e 400 g de p.c./ ha), fipronil (Regent 20G: 10 kg p.c./ha), isasofós (Miral 500 SC: 3, 4, 5 e 6 litros p.c./ha), endosulfan (Thiodan 350 CE: 7 litros de p.c./ha), triazofós (Hostation 400 BR: 4 litros de p.c./ha), silafluofen (HOE 84 498 800 CE: 2 litros de p.c./ha), endosulfan (Extermite 20 SR: 5 kg do p.c./ha), heptacloro (Biarbinex 400 CE: 4 litros do p.c./ha) e testemunha (sem inseticida), em parcelas onde os tratamentos foram aplicados no solo, sendo que as avaliações foram realizadas durante dois anos, utilizando uma escala de notas de 0 a 3 (0 – ausência de cupins e 3 – mais de 100 cupins). Verificaram que após duas colheitas consecutivas da cultura, o fipronil, na formulação 800 WG apresentou o melhor controle de Heterotermes tenuis e de larvas de colópteros.
Os fungos entomopatogênicos B. bassiana e M. anisopliae surgiram como alternativa para o controle de cupins de montículo, sendo aplicado diretamente nos ninhos por inoculação inundativa (FERNANDES & ALVES, 1991). Estudos sobre a aplicação de fungos diretamente no solo demonstraram que este possui um efeito antagônico sobre os fungos, devido à presença de bactérias e fungos antagônicos em maior quantidade. Apesar de B. bassiana e M. anisopliae serem encontrados no solo, na verdade a quantidade destes é pequena, não possuindo potencial de inóculo capaz de causar doenças em cupins. Para serem aplicados diretamente sobre o solo, seria necessária uma grande quantidade de conídios. Portanto, enfatiza-se a estratégia de iscas, com a introdução inoculativa de patógenos na colônia de cupim (ALMEIDA & ALVES, 1999; ALMEIDA et al., 2000).
MOINO JR. (1998) observou que quando B. bassina e M. anisopliae foram aplicados em solo não-esterilizado, ocorreu um efeito antagônico dos microrganismos sobre os conídios dos fungos. Segundo esse autor, num cálculo teórico, seriam necessários 80 kg de conídios puro para 1 hectare.
Apesar desses estudos, não se conhecem na literatura trabalhos que tenham desenvolvido a aplicação de fungos entomopatogênicos para o controle de cupins subterrâneos em cana-de-açúcar por inoculação inundativa. Somente na Austrália, a aplicação de M. anisopliae por inundação é utilizada para o controle de larvas de scarabeídeos (Dermolepida albohirtum) que atacam as raízes da cana. A dosagem recomendada do produto registrado naquele país é de 30 kg por hectare de arroz esporulado (BIO-CARE, 2000).
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de duas formulações do acetamiprid, do grupo neocotinóide, e o efeito de fungos entomopatogênicos aplicados no sulco de plantio por introdução inundativa no controle de H. tenuis em cana-de-açúcar de plantio em outubro.
O experimento foi conduzido em área de cana-deaçúcar da Açúcar Guarani S/A, no Município de Olímpia, SP, na região norte do Estado de São Paulo, no período de 17 de outubro de 2001 a 29 de outubro de 2002.
Na área experimental havia infestação de H. tenuis nas soqueiras, antes da reforma e plantio, de 50%, com levantamento em trincheiras de 50 x 50 cm de profundidade e 100% de iscas Termitrap (ALMEIDA & ALVES, 1995) infestadas, demonstrando alta infestação.
O delineamento experimental foi em blocos casualizados com dez tratamentos e quatro repetições, sendo que cada parcela possuía 7 linhas de cana espaçadas de 1,5 metro, com 15 metros de comprimento, totalizando 157,5 m2. As avaliações foram realizadas nas cinco linhas centrais.
Os tratamentos estão apresentados na Tabela 1.
Os tratamentos pulverizados foram aplicados na vazão de 200 litros/ha com pulverizador costal manual e os tratamentos granulados manualmente, sendo todos os tratamentos aplicados no plantio da cana. A variedade da cana-de-açúcar foi a RB 72 454.
TABELA 1.
Tratamentos do experimento de eficiência de produtos fitossanitários
no controle de cupins em cana-de- açúcar (Olímpia, SP, 2002).
Tratamentos |
Kg p.c./ 100 L |
Observações |
Acetamiprid 2% GR |
7,5 |
pulverizado no plantio |
Acetamiprid 2% GR |
10,0 |
pulverizado no plantio |
Acetamiprid 2% GR |
12,0 |
pulverizado no plantio |
Acetamiprid 70% PM |
0,215 |
pulverizado no plantio |
Acetamiprid 70% PM |
0,280 |
pulverizado no plantio |
Acetamiprid 70% PM |
0,380 |
pulverizado no plantio |
Fipronil 800 WG |
0,25 |
pulverizado no plantio |
Beauveria bassiana |
30 kg/ |
arroz esporulado ha |
Metarhizium anisopliae |
30 kg/ |
arroz esporulado ha |
10-Testemunha |
- |
- |
Após 60 dias do plantio, foram instaladas iscas Termitrap (rolo de papelão corrugado de 20 cm de altura e 8 cm de diâmetro, enterrado até na profundidade da superfície do solo) em dois pontos de cada parcela, para avaliação da população e espécies de cupins mais freqüentes. As iscas foram avaliadas após 30 dias, utilizando-se a seguinte escala de notas:
1 – ausência de cupins, 2 – 1 a 100 cupins e 3 – mais de 100 cupins.
A germinação foi avaliada após 60 e 90 dias, contando-se o número de perfilho das cinco linhas centrais.
Na avaliação final, após a colheita, realizou-se a pesagem das cinco linhas centrais, analisandose a Tonelada de Cana por Hectare, Pol e Tonelada de Pol por Hectare. Avaliou-se também a infestação em iscas Termitrap instaladas 30 dias antes da colheita e a infestação de pragas em um ponto da parcela, retirando-se uma touceira de cana. Observações sobre o número de cupins, danos e ataque de Migdolus sp., também, foi realizado após a colheita da cana, retirando-se uma soqueira e analisando- se por escala de notas a população de cupins (0 – ausência de cupins; 1 – 1 a 10 cupins; 2 – 10 a 100 cupins e 3 – mais de 100 cupins) e escala de notas para danos (0 – ausência de danos; 1 – 25% de soqueira atacada; 2 – até 50% da soqueira atacada e 3 – acima de 50% da soqueira atacada). A mesma escala de notas de danos foi utilizada para Migdolus sp. considerando-se o número de larvas nas soqueiras analisadas.
Os dados foram submetidos a análise de variância com teste de Tukey a 5% para comparação das médias para os seguintes parâmetros: germinação aos 60 e 90 dias; infestação inicial nas iscas; infestação final nas iscas; Tonelada de Cana por Hectare (TCH) e Pol de Cana por Hectare (PCH).
A germinação e o perfilhamento da cana não foram afetados aos 60 e 90 dias, não havendo diferença significativa entre os tratamentos, principalmente, aos 90 dias, quando se completa o período de perfilhamento inicial da planta. O mesmo aconteceu entre os blocos experimentais, onde não houve diferença estatística entre os tratamentos, demonstrando que os cupins não afetaram diretamente a germinação e o perfilhamento da cana (Tabela 2).
Aos 90 dias do plantio, observou-se que a população de cupins subterrâneos, principalmente da espécie H. tenuis estava homogênea na área experimental, pois foram detectados cupins nas iscas Termitrap em praticamente todas as parcelas, não havendo diferença estatística entre os tratamentos.
Na ocasião da colheita, a população de cupins analisada através de iscas Termitrap, também estava homogênea, não havendo diferença estatística entre os tratamentos, sendo que a média das notas aumentou somente em alguns tratamentos, em relação à avaliação aos 90 dias após o plantio (Tabela 3).
Nos parâmetros de produtividade da cana colhida, verificou-se que o tratamento Acetamiprid 2% GR - 10 kg/ha foi diferente dos demais tratamentos, sendo o mais produtivo, TCH – Tonelada de Cana por Hectare, principalmente em relação aos tratamentos B. bassiana - 30 kg/ha e M.
anisopliae - 30kg/ha, sendo estes os que menos produziram, diferenciando-se do tratamento Acetamiprid 2% GR - 10 kg/ha, porém não se diferenciando dos demais, que ficaram no nível intermediário (Tabela 4).
Quanto ao parâmetro Pol, verificou-se que não houve diferença estatística entre os tratamentos, porém quando se extrapolou para Pol da Cana por Hectare (PCH), verificou-se também que o tratamento Acetamiprid 2% GR - 10 kg/ha foi diferente dos demais tratamentos, com maior nível de Pol/hectare.
O tratamento Acetamiprid 2% GR - 7,5 kg/ha foi diferente dos demais, porém com o nível de PCH mais baixo. Os demais tratamentos ficaram no nível intermediário (Tabela 4).
TABELA 2
Número médio de perfilho de cana-de-açúcar em área tratada com inseticidas e fungos entomopatogênicos após 60 e 90 dias do plantio (Olímpia, SP, 2002).
Tratamentos (n=4) |
No de perfilho - 60 dias1 |
No de perfilho - 90 dias1 |
Acetamiprid 2% GR 7,5 kg/ha |
138,2 ± 12,0 a |
174,3 ± 17,7 a |
Acetamiprid 2% GR 10 kg/ha |
135,0 ± 9,60 a |
176,8 ± 9,8 a |
Acetamiprid 2% GR 12 kg/ha |
130,4 ± 10,5 a |
180,4 ± 12,6 a |
Acetamiprid 70%PM 0,215 kg/ha |
130,9 ± 2,77 a |
174,1 ± 12,9 a |
Acetamiprid 70%PM 0,280 kg/ha |
132,5 ± 11,5 a |
172,3 ± 10,1 a |
Acetamiprid 70%PM 0,380 kg/ha |
119,7 ± 14,1 a |
164,9 ± 25,3 a |
Fipronil 800 WG 0,250 kg/ha |
137,2 ± 19,2 a |
177,1 ± 22,1 a |
Beauveria bassiana 30 kg/ha |
124,2 ± 3,52 a |
159,0 ± 9,8 a |
Metarhizium anisopliae 30kg/ha |
123,3 ± 9,36 a |
165,4 ± 18,7 a |
Testemunha |
122,4 ± 8,78 a |
161,8 ± 13,7 a |
CV (%) |
9% |
9% |
Blocos |
No de perfilho - 60 dias1 |
No de perfilho - 90 dias1 |
A |
135,5 ± 9,4 a |
177,8 ± 13,1 a |
B |
131,2 ± 9,0 a |
173,3 ± 10,7 a |
C |
127,2 ± 16,3 a |
169,9 ± 20,4 a |
D |
123,5 ± 7,5 a |
161,4 ± 14,4 a |
1. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.
TABLEA 3
Notas de população de cupins em iscas Termitrap instaladas nas parcelas com cana-de-açúcar tratada com diferentes inseticidas e fungos entomopatogênicos para o controle de cupins subterrâneos, aos 90 dias após o plantio e na colheita da cana-de-açúcar, após 12 meses (Olímpia, SP, 2002).
Tratamentos (n=4)2 |
90 dias1 |
Colheita (12 meses)1 |
Acetamiprid 2% GR 7,5 kg/ha |
1,75 ± 0,9 a |
1,50 ± 1,0 a |
Acetamiprid 2% GR 10 kg/ha |
1,75 ± 0,9 a |
1,00 ± 0,0 a |
Acetamiprid 2% GR 12 kg/ha |
1,75 ± 0,9 a |
2,00 ± 1,1 a |
Acetamiprid 70%PM 0,215 kg/ha |
2,25 ± 0,5 a |
1,50 ± 1,0 a |
Acetamiprid 70%PM 0,280 kg/ha |
1,50 ± 1,0 a |
1,25 ± 0,5 a |
Acetamiprid 70%PM 0,380 kg/ha |
2,25 ± 0,5 a |
2,00 ± 1,1 a |
Fipronil 800 WG 0,250 kg/ha |
1,25 ± 0,5 a |
1,00 ± 0,0 a |
Beauveria bassiana 30 kg/ha |
1,25 ± 0,5 a |
1,25 ± 0,5 a |
Metarhizium anisopliae 30kg/ha |
1,25 ± 0,5 a |
2,25 ± 0,9 a |
Testemunha |
2,25 ± 0,9 a |
1,50 ± 1,0 a |
CV (%) |
17% |
19% |
1. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%. Dados transformados por Öx + 0,5
2. Escala de notas população de cupins nas iscas: 1 – ausência de cupins, 2 – 1 a 100 cupins e 3- mais de 100 cupins.
Na avaliação de cupins e Migdolus sp., nas soqueiras das parcelas, a espécie H. tenuis aparece atacando em todos os tratamentos, sendo bem distribuída na região. Verificou-se que os tratamentos Acetamiprid 2% GR - 7,5 kg/ha e Acetamiprid 70% PM - 0,380 kg/ha diferenciaram-se dos demais com a maior nota média de população de cupins e tratamento B. bassiana - 30 kg/ha foi o que obteve menor nota média de população de cupins, seguido do tratamento Fipronil 800 WG - 0,250 kg/ha. Os demais tratamentos obtiveram notas médias intermediárias (Tabela 5).
Com relação aos danos de cupins nas soqueiras, verificou-se que os tratamentos Acetamiprid 2% GR - 7,5 kg/ha, M. anisopliae – 30 kg/ha e a Testemunha foram os mais danificados, com notas médias 3 (acima de 50% de dano na soqueira), sendo estes diferentes dos demais tratamentos. Entre os outros tratamentos não houve diferença estatística. Quanto à população de cupins nas soqueiras nos blocos, o Bloco A foi que obteve maior media, diferenciando-se dos demais e Bloco C com menor nota média de cupins. Nas notas de danos entre os blocos, não houve diferença estatística (Tabela 5).
TABELA 4
Número médio de Tonelada de cana por hectare (TCH), Pol (PC) e Pol da cana por hectare (PCH) em área de cana-de-açúcar tratada com diferentes inseticidas e fungos entomopatogênicos no controle de cupins subterrâneos (Olímpia, SP, 2002).
Tratamentos (n = 4) |
TCH1 |
PC1 |
PCH1 |
Acetamiprid 2% GR 7,5 kg/ha |
44,0 ± 5,2 b |
10,6 ± 2,2 a |
4,6 ± 0,9 b |
Acetamiprid 2% GR 10 kg/ha |
56,9 ± 7,9 a |
12,9 ± 2,5 a |
7,4 ± 2,1 a |
Acetamiprid 2% GR 12 kg/ha |
45,7 ± 0,5 ab |
12,7 ± 2,9 a |
5,9 ± 1,9 ab |
Acetamiprid 70%PM 0,215 kg/ha |
46,2 ± 3,7 ab |
13,6 ± 0,7 a |
6,3 ± 0,7 ab |
Acetamiprid 70%PM 0,280 kg/ha |
44,8 ± 5,1 ab |
13,3 ± 1,0 a |
6,0 ± 1,1 ab |
Acetamiprid 70%PM 0,380 kg/ha |
49,2 ± 7,4 ab |
12,5 ± 1,1 a |
6,1 ± 0,7 ab |
Fipronil 800 WG 0,250 kg/ha |
47,4 ± 6,2 ab |
12,3 ± 1,4 a |
5,8 ± 0,6 ab |
Beauveria bassiana 30 kg/ha |
44,1 ± 6,8 b |
12,5 ± 1,4 a |
5,4 ± 1,0 ab |
Metarhizium anisopliae 30kg/ha |
43,2 ± 9,9 b |
11,2 ± 1,9 a |
4,9 ± 2,1 ab |
Testemunha |
48,3 ± 13,1 ab |
12,1 ± 1,2 a |
5,9 ± 1,9 ab |
CV (%) |
27% |
10% |
33% |
Blocos |
|||
A |
50,1 ± 8,2 a |
12,1 ± 2,5 a |
6,1 ± 1,9 a |
B |
45,0 ± 4,8 a |
13,2 ± 1,7 a |
6,0 ± 1,3 a |
C |
48,4 ± 5,7 a |
12,3 ± 1,0 a |
5,9 ± 0,5 a |
D |
44,4 ± 10,4 a |
11,9 ± 1,6 a |
5,4 ± 1,7 a |
1. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Duncan a 5%. Dados não transformados.
TABLEA 5
Média de notas de população e dano de cupim subterrâneoHeterotermes tenuis e número médio de larvas e notas de dano de Migdolus sp. em touceiras de cana tratadas com inseticidas e fungos entomopatogênicos aos 12 meses do plantio, após colheita (Olímpia, SP, 2002).
Tratamentos (n = 4) |
Heterotermes tenuis |
Migdolus sp. |
|||
Nota pop.2 |
Nota dano3 |
No. larvas |
Nota dano3 |
||
Acetamiprid 2% GR 7,5 kg/ha |
3,0 ± 0,0 a |
2,5 ± 0,6 a |
0,0 b |
1,1 ± 1,1 ab |
|
Acetamiprid 2% GR 10 kg/ha |
2,2 ± 1,5 ab |
1,5 ± 1,3 ab |
0,0 b |
0,2 ± 0,5 ab |
|
Acetamiprid 2% GR 12 kg/ha |
2,2 ± 1,5 ab |
2,0 ± 1,4 ab |
0,0 b |
0,0 b |
|
Acetamiprid 70%PM 0,215 kg/ha |
2,0 ± 1,4 ab |
1,7 ± 1,5 ab |
0,0 b |
0,2 ± 0,5 ab |
|
Acetamiprid 70%PM 0,280 kg/ha |
2,0 ± 1,4 ab |
1,0 ± 1,4 ab |
0,0 b |
0,5 ± 0,6 ab |
|
Acetamiprid 70%PM 0,380 kg/ha |
3,0 ± 0,0 a |
2,0 ± 1,1 ab |
0,0 b |
0,5 ± 1,0 ab |
|
Fipronil 800 WG 0,250 kg/ha |
0,7 ± 1,5 bc |
0,7 ± 1,5 ab |
0,0 b |
0,5 ± 0,6 ab |
|
Beauveria bassiana 30 kg/ha |
0,2 ± 0,5 c |
0,2 ± 0,5 ab |
0,0 b |
1,0 ± 0,0 ab |
|
Metarhizium anisopliae 30kg/ha |
3,0 ± 0,0 a |
2,5 ± 0,6 a |
0,2 ± 0,5 a |
0,7 ± 0,9 ab |
|
Testemunha |
2,2 ± 0,9 ab |
2,2 ± 0,9 a |
1,0 ± 1,1 a |
1,5 ± 1,0 a |
|
CV (%) |
38% |
34% |
27% |
35% |
|
Blocos |
|||||
A |
2,7 ± 0,9 a |
2,2 ± 1,0 a |
0,0 b |
0,5 ± 0,8 ab |
|
B |
1,9 ± 1,3 ab |
1,3 ± 1,3 a |
0,0 b |
0,3 ± 0,5 b |
|
C |
1,5 ± 1,6 b |
1,1 ± 1,3 a |
0,0 b |
0,6 ± 0,7 ab |
|
D |
2,2 ± 1,5 ab |
2,0 ± 1,0 a |
0,5 ± 0,8 a |
1,1 ± 0,9 a |
1 . Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%. Dados transformados por Öx + 0,5.
2 . Escala de notas de população de cupins na soqueira de cana: 0 – ausência de cupins; 1 – 1 a 10 cupins; 2 – 10 a 100 cupins e 3 – mais de 100 cupins
3 . Escala de notas de danos de cupins eMigdolus sp. em soqueiras de cana: 0 – ausência de danos; 1 – 25% de soqueira atacada; 2 – até 50% da soqueira atacada e 3 – acima de 50% da soqueira atacada
O número de larvas de Migdolus sp. encontrada foi muito baixo em todos os tratamentos, principalmente pelo fato da colheita ter sido realizada em outubro, época em que a maioria das larvas descem no subsolo para se tornarem pupas e nas chuvas de verão os adultos revoarem. Foi possível verificar que nos tratamentos M.anisopliae - 30kg/ha e Testemunha foi encontrada a maior quantidade de larvas de Migdolus sp., diferenciando-se dos demais tratamentos onde não foram encontradas nenhuma larva (Tabela 5).
Nos danos causados por Migdolus sp., notou-se que o tratamento Testemunha foi o mais danificado, diferenciando-se dos demais tratamentos e o tratamento Acetamiprid 2% GR - 12 kg/ha o menos danificado, demonstrando haver um efeito de controle desse tratamento sobre larvas de Migdolus sp. (Tabela 5).
A espécie de cupim mais encontrada foi H. tenuis, sendo essa informação concordante àquela encontrada por ALMEIDA et al. (1989) em trabalhos de controle de cupins de cana no Estado de São Paulo.
Com relação à germinação de perfilho da cana, o ataque de cupins no rizoma não interferiu diretamente, pois em todos os tratamentos verificou-se o desenvolvimento desses. Desse modo, pode-se notar que os cupins presentes na área não causaram danos diretos nas gemas da cana planta, apesar da alta infestação.
Esses resultados estão de acordo com MACEDO et al.
(1997), que verificaram a baixa influência dos cupins nas gemas da cana planta.
Os resultados evidenciaram uma alta infestação de cupins, portanto não houve uma expressão no controle desses insetos na maioria dos tratamentos, inclusive no tratamento com Fipronil 800 WG - 0,25 kg/ha, considerado padrão, e atualmente o produto mais utilizado nas lavouras de cana. Porém, quanto ao aspecto produtividade (Tonelada de Cana por Hectare – TCH), o tratamento Acetamiprid GR 2% - 10 kg/ha foi o mais produtivo, inclusive no parâmetro Pol da Cana por Hectare (PCH), apesar de ter sido encontrado um número significativo de cupins na soqueira e danos nas mesmas. Esses resultados podem indicar um efeito fitotônico dos inseticidas químicos na cana-de-açúcar. MACEDO et al. (1997) e MACEDO (1995) verificaram que o Fipronil 800 WG 0,25 kg/ha foi o mais eficiente dentre outros testados, diferente do que foi observado nesta pesquisa.
O fungo B. bassiana, aplicado em arroz na quantidade de 30 kg/ha não obteve os melhores resultados de produtividade. Entretanto, notou-se uma baixa infestação e menores danos de H. tenuis nas soqueiras de cana das parcelas tratadas, demonstrando ter um potencial de estudo futuro com outras formulações, que possam proteger os seus conídios no solo por mais tempo.
O Acetamiprid 2% GR, nas dosagens de 10 a 12 kg/ha possui maior potencial de controle de H. tenuis em área de alta infestação de soqueira de cana com aproximadamente 50% de ataque.
O fungo M. anisopliae, aplicado no plantio de forma inundativa (30 kg/ha) não é eficiente para o controle de H. tenuis dessa maneira.
B. bassiana pode ser estudado para o uso no controle de H. tenuis em introdução inundativa, avaliandose novas concentrações e formulações.
Os autores agradecem à Iharabras S/A Indústrias Químicas pelo financiamento da pesquisa e à Açúcar Guarani S/A nas pessoas do Eng. Agrônomo Luís Donizetti e o Técnico Júlio Petri.
Recebido em 14/2/03 // Aceito em 9/4/03
J. E. M. Almeida (1), A. Batista Filho (2), S. B. Alves (3), T. Shitara (4)
sebalves[arroba]esalq.usp.br
1.Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade Vegetal, Instituto Biológico, CP 70, CEP 13001-970, Campinas, SP, Brasil. E-mail: jemalmeida[arroba]biologico.sp.gov.br
2. Centro Experimental Central do Instituto Biológico, Campinas, SP, Brasil.
3. Depto. Entomologia, ESALQ/USP.
4. Iharabras S/A Inds. Químicas.
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