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Avaliação genética de bovinos da Raça Holandesa usando a produção de leite no dia do controle (página 2)

Nilson Milagres Teixeira, Ary Ferreira de Freitas, William José Ferreira, M

Resultados e Discussão

As médias observadas, os desvios-padrão e os coeficientes de variação para produção de leite no dia do controle, analisados pelos modelos 1 e 2, para controles mensais (C01 até C10) e para produção de leite até 305 dias de lactação, encontram-se na Tabela 1.

As estimativas de componentes de variância, herdabilidade e repetibilidade da produção de leite no dia de controle e da produção até 305 dias, encontram-se na Tabela 2. Para produção de leite no dia do controle, analisada pelo modelo 1, observou-se aumento na variância genética aditiva e redução na variância residual, em relação à análise realizada pelo modelo 2, proporcionando, conseqüentemente, maior herdabilidade para PLDC, quando se usou o modelo 1. A diferença entre os dois modelos está na formação de grupos de animais contemporâneos. No modelo 1, as produções dos animais são agrupadas segundo o rebanho-ano-estação de controle da produção (RDC), enquanto no modelo 2 o agrupamento considera o rebanho-ano-estação de parto (RAE).

Para produção de leite no dia do controle, analisada usando o modelo 1 (PLDCM01), a herdabilidade foi semelhante às estimadas por Swalve (1995c) e Strabel & Szwaczkowski (1997), que foram de 0,26 e 0,27, respectivamente. Contudo, pelo modelo 2 (PLDCM02), o valor encontrado foi menor que os relatados na literatura (Swalve, 1994, 1995a e 1995c).

A herdabilidade estimada para P305 foi similar às encontradas, no Brasil, por Almeida et al. (1997) e Zambianchi et al. (1997). Entretanto, foi inferior às estimadas, em outros países, por Pander et al. (1992) e Swalve (1995a) e, no Brasil, por Machado (1997). O valor estimado foi próximo ao obtido para produção de leite no dia do controle, analisada pelo modelo 1. Este resultado diverge do relatado no trabalho de Strabel e Szwaczkowski (1997), no qual a herdabilidade para PLDC, como observação repetida, foi superior ao valor encontrado para P305. Nos estudos de Swalve (1994, 1995a e 1995c), com um modelo de repetibilidade, os valores das estimativas de herdabilidade para P305 foram maiores do que para PLDC, o que também foi constatado neste estudo, quando o modelo 2 foi utilizado.

As correlações genéticas, fenotípicas e residuais entre os controles mensais de produção de leite e produção até 305 dias de lactação encontram-se na Tabela 3. Os valores estimados foram semelhantes aos relatados em outros trabalhos (Pander et al., 1992; Gadini et al., 1997 e Machado, 1997), sendo os maiores valores das correlações encontrados para as produções do meio da lactação, do quarto ao sétimo controle. Embora os valores das correlações, para o início e final da lactação, sejam maiores que os encontrados por Gadini et al. (1997), há indicação de que as produções, no início e no final da lactação, estejam mais sujeitas às influências de meio ambiente do que as produções dos meses do meio da lactação. Embora em menor magnitude, as correlações fenotípicas e residuais seguiram a mesma tendência.

As estimativas dos componentes de variância genética, residual e fenotípica e dos coeficientes de herdabilidade para os controles mensais de produção de leite são apresentadas na Tabela 4. As herdabilidades dos controles mensais de produção aumentaram, gradativamente, até o meio da lactação; em seguida, permaneceram constantes, com pequeno declínio no final. Esses resultados estão de acordo com a tendência, observada na maioria dos trabalhos, de que os maiores valores ocorrem no meio da lactação. Isso pode ser explicado pela menor variação observada nas produções desses controles, devido à influência de meio ambiente que é mais expressiva no início e no final da lactação, visto que as produções do meio da lactação são mais influenciadas pelas diferenças genéticas existentes entre as vacas. Os altos valores das estimativas de variâncias residuais, para todos os controles mensais de produção, sugerem a existência de grandes diferenças de meio ambiente entre sistemas de produção, uma vez que estes estão localizados em diversos rebanhos e regiões, no Estado de Minas Gerais.

Quando se utilizam os controles individuais do meio da lactação, poderá ocorrer redução no intervalo de gerações, uma vez que os animais poderão ser avaliados mais cedo e com isto serão possíveis maiores ganhos pela seleção.

Na Tabela 5, são apresentadas as médias e os respectivos desvios-padrão das confiabilidades dos valores genéticos dos touros e das vacas, para P305 e PLDC, analisada usando o modelo 1 (PLDCM01), por classes de confiabilidade. As médias de confiabilidades para PLDCM01 foram superiores às obtidas para P305, sendo as diferenças maiores para as classes mais baixas de confiabilidade. Esta vantagem, quando se utiliza a produção de leite no dia do controle, pode ser atribuída ao maior número de observações para avaliar os touros e as vacas e também, ao modelo, que ajusta com maior precisão os fatores não-genéticos (Ptak & Schaeffer, 1993; Swalve, 1995b).

As médias e os respectivos desvios-padrão das confiabilidades dos valores genéticos dos touros e das vacas para P305, C01, C05 e C10, por classes de confiabilidade, para P305, são apresentados na Tabela 6. As médias de confiabilidades, para P305 e C05, foram próximas e ambas superiores às obtidas para C01 e C10, em todas as classes, tanto para vacas quanto para touros.

A correlação de ordem entre os valores genéticos obtidos, para produção de leite até 305 dias de lactação (modelo 4) e para produção no dia do controle (modelo 1), foi de 0,62, para touros, e de 0,78, para vacas. Esses resultados foram semelhantes aos relatados por Swalve (1995a), porém inferiores aos obtidos por Ptak & Schaeffer (1993).

Nas Figuras 1 e 2, encontram-se, respectivamente, as porcentagens de touros e vacas em comum, selecionados para produção de leite no dia do controle (modelo 1) e para produção de leite até 305 dias de lactação, para níveis crescentes de seleção para produção até 305 dias. Quando foram selecionados até 35%, tanto de touros quanto de vacas, houve divergências entre as alternativas. A partir de então, não diferiram.

Quando foram selecionados até 30% dos melhores touros usando-se P305, entre aqueles com confiabilidade superior a 60 ou 80% (Tabela 7), a porcentagem de touros selecionados em comum, quando se utilizaram P305 e PLDCM01 (modelo 1), foi baixa. Nas duas situações, as porcentagens de animais em comum, selecionados para P305 e PLDCM01, foram inferiores a 70%, em todos os níveis de seleção.

Nas Figuras 3 e 4, encontram-se, respectivamente, as porcentagens de touros e vacas, em comum, selecionados para produção no primeiro (C01), ou no quinto (C05), ou no décimo (C10) controles e para produção de leite até 305 dias de lactação, para níveis crescentes de seleção. As porcentagens de animais em comum foram maiores para C05 do que para C01 e C10. Para touros, os métodos C05 e P305 apresentaram moderado percentual de animais em comum, na maioria dos níveis de seleção para P305. Entretanto, para C01 e C10, quando foram selecionados, aproximadamente, 60% dos touros, os métodos divergiram. A mesma tendência foi observada para vacas, com maior coincidência dos métodos para C05. Contudo, para C01 e C10, não houve seleção dos mesmos animais para a maioria dos níveis de seleção para P305.

Considerando-se que é desejável menor número de controles para redução de custos, pesquisas adicionais são necessárias para identificação dos controles a serem usados. Além disso, é necessário que se definam modelos que contemplem mais lactações da mesma vaca.

Conclusões

Em vista das vantagens de se utilizar a produção de leite no dia do controle, como observação repetida, de se constituírem grupos contemporâneos considerando-se a estação de controle leiteiro e da possibilidade de utilização dos controles mensais de produção como características individuais, seria conveniente a realização de avaliações genéticas que contemplem tais aspectos.

A produção de leite no dia do controle, em modelos de repetibilidade, quando comparada com a produção até 305 dias, possibilita aumento de confiabilidades dos valores genéticos.

As produções de leite no dia do controle, do meio da lactação, podem ser usadas para predição dos valores genéticos em substituição à produção até 305 dias, promovendo redução do número de controles e do intervalo de gerações.

Agradecimento

À Universidade Federal de Viçosa e ao Departamento de Zootecnia, pela oportunidade de realização do curso de mestrado.

À Associação de Criadores de Gado Holandês de Minas Gerais, pela concessão dos dados, essenciais à realização deste estudo.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela concessão da bolsa de estudo.

Literatura Citada

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1. Parte da tese de Mestrado em Zootecnia, do primeiro autor, na UFV-Universidade Federal de Viçosa.

William José FerreiraI; Nilson Milagres TeixeiraII; Ricardo Frederico EuclydesIII; Rui da Silva VernequeII; Paulo Sávio LopesIII; Robledo de Almeida TorresIII; Amauri Arias WenceslauI; Marcos Vinícius Gualberto Barbosa da SilvaI; Márcio Nery Magalhães JúniorIV
ferreirawj[arroba]uol.com.br
IEstudante de Doutorado da UFV e Professor da Faculdade do Noroeste de Minas. Rua José Pereira Guimarães, nº 43-A, centro, Paracatu-MG, CEP: 38600-000. E-mail: ferreirawj[arroba]uol.com.br
IIPesquisador da Embrapa Gado de Leite e Bolsista do CNPq
IIIProfessor do Departamento de Zootecnia da UFV
IVTécnico da ACGHMG-Associação de Criadores de Gado Holandês de Minas Gerais.



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