Atividade da urease em latossolos sob influência da cobertura vegetal e da época de amostragem



RESUMO

O presente trabalho teve por objetivo avaliar o efeito do tipo de vegetação e da época de amostragem na atividade da urease em dois diferentes solos tropicais. O experimento foi instalado em Latossolo Vermelho Aluminoférrico típico e Latossolo Vermelho distrófico típico sob cinco diferentes culturas: pinus, eucalipto, citrus, soja e milho. As amostragens de solo foram efetuadas mensalmente, de abril de 1990 a março de 1991, determinando-se a atividade da urease, o N-total e o C-orgânico. A atividade da urease variou de acordo com a época de amostragem, apresentando valores mais elevados nos meses mais quentes e úmidos. A cobertura vegetal influenciou a conversão de N-uréia a N-NH4, observando-se maior atividade da urease nas amostras de solo sob pinus e eucalipto, embora, no início do ciclo das culturas da soja e do milho, a atividade da urease também tenha sido elevada.

Termos de indexação: urease, Latossolos, C-orgânico, N-total.

SUMMARY

The present study aimed to evaluate the effect of the vegetation type and the sampling time on urease activity in two different tropical soils (Rhodic Oxisols). The experiment was installed in a typic alumino-ferric Red Latossol and a typic distrophic Red Latosol under five different vegetations: pinus, eucalypt, citrus, soybean and corn. The soil samples were collected from April 1990 to March 1991 and the urease activity, total nitrogen and organic carbon were determined. The urease activity changed according to the sampling time, presenting higher values in the warmer and humid months. The vegetation type affected the conversion of N-urea to N-NH4+, with higher urease activity being observed in the soil under pinus and eucalypt, although the activity was high at the beginning of the soybean and corn cropping cycle.

Index terms: urease, Oxisols, organic C, total N.

INTRODUÇÃO

Em sistemas agrícolas, os fertilizantes nitrogenados são amplamente utilizados para suprir as necessidades das plantas, sendo a uréia um dos fertilizantes mais utilizados.

A uréia vem sendo empregada com grande sucesso como fertilizante nitrogenado, mas, ocasionalmente, produz resultados insatisfatórios, o que se deve, dentre outros fatores, à volatilização da amônia. As perdas de amônia decorrem do fato de que a uréia sofre uma hidrólise enzimática no solo, produzindo carbonato de amônio, que se desdobra facilmente em NH3 e CO2 (Rodrigues & Kiehl, 1986).

No solo, a uréia é rapidamente hidrolisada pela ação da urease, afetando a utilização desse importante fertilizante nitrogenado. Sua ocorrência é grande em plantas e microrganismos (particularmente as bactérias) e tem sido detectada na mucosa gástrica do homem e de alguns animais. Sua presença em solo foi primeiro indicada por Rotini (1935), seguido dos trabalhos de Conrad (1940a,b; 1942a,b, 1943), evidenciando que os solos continham urease e que esta enzima era a responsável pela conversão da uréia em amônia.. Trabalhos recentes sobre a determinação da atividade da urease no solo foram realizados por Klose & Tabatabai, 1999; Benini et al., 1999.

Dentre os fatores que afetam a atividade enzimática do solo, destacam-se a concentração do substrato, o nível de umidade, temperatura e pH do solo (Santos et al., 1991; Silva et al., 1995; Arunachalan & Melkania, 1999). Em condições tropicais, pouco se conhece sobre a atividade da urease no solo e os fatores que a afetam.

O tipo de vegetação e a quantidade do material orgânico incorporado influenciam a atividade da urease (Pancholy & Rice, 1972; Silva et al., 1995; Arunachalam & Melkania, 1999). Palma & Conti (1990) observaram que, em solos sob vegetação de eucalipto, há alta concentração de lignina e celulose no material orgânico incorporado, o que pode provocar mudanças na comunidade de microrganismos do solo, acarretando mudanças na atividade enzimática. Segundo Santos et al. (1991), a velocidade de hidrólise da uréia é bastante alterada pelo tipo de vegetação, sendo as amostras colhidas sob a vegetação de pinus no Latossolo Roxo as que apresentaram a menor capacidade de hidrolisar a uréia. De acordo com Bremner & Mulvaney (1978), desde que os solos contenham urease proveniente de microrganismos, a atividade enzimática pode ser aumentada pela adição de glicose ou outro material que promova incremento na atividade microbiana. O'Toole et al. (1982), Longo et al. (1993) e Deng & Tabatabai (1996), observaram não só a correlação positiva entre a atividade da urease, C-orgânico e N-total do solo, mas também a diminuição progressiva nos valores da atividade da urease com o decréscimo da temperatura do solo.

Outro aspecto a ser considerado é o efeito da época de amostragem. Palma & Conti (1990) observaram um aumento na atividade enzimática durante o verão e decréscimo durante o inverno. Essas observações concordam com os resultados obtidos por Ross et al. (1984) que obtiveram baixa atividade da urease sob vegetação natural durante o inverno. Sttot & Hagedorn (1980) observaram aumento na atividade da urease durante a primavera e o verão e declínio durante o inverno.

Neste contexto, o presente trabalho teve por objetivo avaliar o efeito do tipo de vegetação e da época de amostragem na atividade da urease, em dois tipos de solos tropicais (Latossolo Vermelho Aluminoférrico típico e Latossolo Vermelho distrófico).

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado em área experimental pertencente à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias / UNESP, campus de Jaboticabal (SP), em Latossolo Vermelho Aluminoférrico típico (LVaf) e Latossolo Vermelho distrófico (LVd) (Embrapa, 1999), sendo coletadas amostras de solo sob pinus, eucalipto, citrus, soja e milho (Quadro 1).

 


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