Este estudo objetivou conhecer a composição florística e a estrutura fitossociológica de um fragmento da Floresta Natural de Astronium balansae Engl., no município de Bossoroca, RS, Brasil. Foram demarcadas 7 unidades amostrais de 10x100m (1000m2) onde observou-se a ocorrência de 476 indivíduos com Circunferência à Altura do Peito (CAP) = 30cm, distribuídos em 35 espécies e 25 famílias. As espécies mais características e importantes da floresta foram Astronium balansae, Myrcianthes pungens, Patagonula americana, Eugenia uniflora e Parapiptadenia rigida. As famílias Myrtaceae, Meliaceae e Euphorbiaceae foram as mais representativas do fragmento florestal estudado. O valor do Índice de diversidade de Shannon foi 3.
Palavras-chave: composição florística, fitossociologia, pau-ferro.
The study was carried out to evaluate the floristic composition and the phytosociological characteristics of a fragment of the natural forest of Astronium balansae Engl, in Bossoroca county, RS, Brazil. Seven 10x100m (1000m²) units were inventoried: 476 measured trees (CBH = 30cm) were distributed in 35 species and 25 families. The most important species were Astronium balansae, Myrcianthes pungens, Patagonula americana, Eugenia uniflora and Parapiptadenia rigida. The families Myrtaceae, Meliaceae and Euphorbiaceae were the most representative families in the forest fragment studied. The Shannon diversity index was 3.
Key words: floristic composition, fitosociology, pau-ferro.
A espécie Astronium balansae, pertencente à família Anacardiaceae, é denominada vulgarmente "pau-ferro" pelo fato de possuir madeira extremamente dura, pesada, resistente e durável (SCHULTZ, 1953). Esta espécie de crescimento lento está quase desaparecida no Rio Grande do Sul devido ao desmatamento indiscriminado. A vegetação de pau-ferro ocorre na forma de "capões" e é considerada como entidade fitogeográfica distinta do Rio Grande do Sul (LONGHI, 1987).
BELTRÃO et al. (1984) e FLEIG (1976) citam que o pau-ferro pertence à mata Chaqueana e ocorre entre Argentina, sul do Paraguai e Missões no Rio Grande do Sul. No Rio Grande do Sul, segundo BRASIL (1983) e BELTRÃO et al. (1984), o pau-ferro ocorre nos municípios de São Francisco de Assis, Santiago, Itaqui, São Borja, Santo Antônio das Missões, Bossoroca, São Luiz Gonzaga, São Nicolau, Roque Gonzales, Porto Xavier e Cerro Largo.
Sua distribuição está diretamente relacionada com afloramentos rochosos basálticos que se intercalam com um solo mais evoluído. No habitat pedregoso, a vegetação é tipicamente dominada pelo pau-ferro que forma populações quase homogêneas. Ocorre associada a espécies como espinilho (Acacia caven), aroeira (Lithraea molleoides) e esporão-de-galo (Celtis sp.) (BELTRÃO et al., 1984).
O pau-ferro está disperso em uma região que se apresenta como a mais quente do estado, com temperatura média anual variando de 17,9 a 20,1°C. Apresenta boa quantidade e razoável distribuição de chuvas, com precipitação pluvial anual variando de 1.400 a 1.600mm e 84 a 100 dias de chuva anuais. Possui ainda, os mais baixos valores de umidade relativa do ar do estado, variando de 72 a 75%, altos valores de radiação solar global média (368 cal.cm².dia-1) e insolação (2.600 hs) , os mais altos valores de soma térmica do estado, com média anual de 3.500°C, e o menor regime de frio do estado, com valores que variam de 350 a 600 horas de frio, no período entre maio e setembro (MALUF et al., 1999).
Pelo abundante conteúdo tânico, a madeira de pau-ferro torna-se muito durável, sendo por isso uma das mais usadas para a construção de postes, mourões e dormentes (FLEIG, 1976).
Para caracterizar o estágio de sucessão das comunidades utiliza-se a análise dos parâmetros fitossociológicos quantitativos e qualitativos. Os mais utilizados são densidade, dominância, freqüência, estrutura sociológica, Valor de Importância e Valor de Cobertura, além do Índice de Diversidade de Shannon.
A densidade pode ser definida como o número de indivíduos de cada espécie existentes na composição da comunidade, tendo sua forma absoluta (DA) e relativa (DR) (MATTEUCCI & COLMA, 1982). A dominância é um parâmetro que expressa a proporção de tamanho ou cobertura de cada espécie em relação ao espaço da fitocenose (MARTINS, 1991), tanto na forma absoluta (DoA) como relativa (DoR).
A freqüência é definida como a probabilidade de se amostrar determinada espécie numa unidade de amostragem (KUPPER, 1994), tendo forma absoluta (FA) e relativa (FR). Com a finalidade de dar um valor para as espécies dentro da comunidade vegetal a que pertencem é utilizado o Índice de Valor de Importância (VI), obtido pela soma dos valores relativos de densidade, dominância e freqüência (MATTEUCCI & COLMA, 1982). Somando-se os valores relativos de densidade e dominância tem-se o Índice de Valor de Cobertura (VC), que é utilizado para expressar a importância das diferentes espécies na biocenose florestal (LONGHI, 1987).
A estrutura sociológica informa sobre a composição florística nos diferentes estratos da floresta em sentido vertical. A presença de espécies nos diferentes estratos é de fundamental importância fitossociológica, pois uma espécie tem presença assegurada na estrutura e dinâmica da floresta se bem representada em todos os seus estratos (LONGHI, 1987). Para indicar a diversidade das espécies de uma comunidade vegetal, MARGURRAN (1988) cita que o Índice de Diversidade de Shannon (H') é o mais usado pois combina o número de espécies presentes e a densidade relativa da espécie em um único valor.
Apesar do pau-ferro ser uma espécie bastante conhecida, pouco se sabe sobre o aspecto fitossociológico das associações das quais participa. Desta maneira, o presente trabalho teve como objetivo conhecer a composição florística e estrutura fitossociológica de um fragmento da Floresta Natural de Astronium balansae, no município de Bossoroca- RS.
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