Aspectos ecotoxicológicos de químicos agrícolas

Enviado por Márkilla Beckmann


  1. Resumo
  2. Introdução
  3. Ecotoxicologia de agroquímicos
  4. Tipos de contaminação
  5. Conclusões
  6. Referências Bibliográficas

1. RESUMO

A utilização de produtos químicos na agricultura tem sido incrementada especialmente na segunda metade do século passado até os dias atuais, constituindo um tema que merece relevante monitoramento mediante os riscos de contaminação de aguas, solos, atmosfera e humana iminentes quando utilizados de forma indiscriminada. Neste sentido, os agroquímicos utilizados no setor agrícola são classificados quanto: toxicologia em classes que variam de I (extremamente tóxico) a IV (pouco tóxico), avaliação toxicológica propriamente dita; aspectos ambientais; características físico-químicas e toxicidade para organismos não-alvo.

Há ainda uma classificação quanto a toxicidade para animais superiores, incluindo potencial genotóxico, embriofetotóxico e carcinogênico na qual os produtos enquadram-se em faixas também variando de I (altamente perigoso) a IV (pouco perigoso). A ecotoxicologia desses produtos do ponto de vista ambiental pode ser determinada através de estudos que determinam o comportamento ambiental do produto quanto a biodegradabilidade, sorção (adsorção/dessorção) e mobilidade. Portanto a correta utilização dos agroquímicos agrícolas, respeitando-se normas de segurança tanto ambiental quanto de proteção dos aplicadores é de fundamental importância na redução dos potenciais riscos ecotoxicológicos desses produtos.

2. INTRODUÇÃO

Os agroquímicos pesticidas são produtos criados e desenvolvidos para serem utilizados no ambiente como uma ferramenta de que dispõe o agricultor para minimizar o prejuízo causado pela ação danosa de insetos, fungos, plantas invasoras, etc (STÜTZER et al., 2003).

Desde a década de 1950, quando se iniciou a "revolução verde", foram observadas profundas mudanças no processo tradicional de trabalho na agricultura bem como nos impactos sobre o ambiente e a saúde humana. Novas tecnologias, muitas baseadas no uso extensivo de agentes químicos, foram disponibilizadas para o controle de doenças, aumento da produtividade e proteção contra insetos e outras pragas (MOREIRA et al., 2002).

A contaminação ambiental causada pelo uso de agrotóxicos tem gerado preocupações quanto ao uso inadequado destes compostos, devendo ser tomadas precauções quanto à sua aplicação, resíduos provenientes das mais diversas fontes e à disposição final adequada desses resíduos, sem comprometimento do meio ambiente (LUCHINI e ANDRÉA, 2000).

A utilização de produtos químicos nos mais diversos ramos de atividades constitui hoje uma realidade presente não somente nos países desenvolvidos, mas pode ser identificada praticamente em todos os países do mundo (ALVES FILHO, 2004). Segundo Yuldeman citado por Alves Filho (2004), o consumo mundial de agrotóxicos sofreu um rápido incremento na última metade do século passado. Entre os anos 50 e 80, o crescimento se deu a uma taxa anual de aproximadamente 10%.

Estudos revelam que mais da metade da produção mundial de agrotóxicos é consumida nos Estados Unidos e na Europa Ocidental, regiões que abrigam cerca de 25% das terras globais ocupadas com culturas. Por outro lado cerca de 20% dos agroquímicos são consumidos nos países em desenvolvimento que contam com 55% das terras cultivadas do mundo (ALVES FILHO, 2004).

Nos países em desenvolvimento, as estimativas atuais de consumo mundial de agrotóxicos são crescentes, conforme apontado em estudo realizado pela Organização Mundial de Saúde, através da Divisão de Saúde e Meio Ambiente da Organização Pan-Americana de Saúde (PAHO). O uso generalizado dos agrotóxicos aumentou de 1,5 milhões de toneladas no ano de 1970 para cerca de 3 milhões em 1985. Após 10 anos, isto é, em 1995, estimava-se que este uso deveria dobrar, especialmente nos países em desenvolvimento (Alves Filho, 2004).

Em 1995, na Argentina, as vendas já superavam em 2,5 vezes os valores estimados para 1999. No caso do Chile a previsão da PAHO para 1999 foi superada em cerca de 7,5 vezes, já no ano de 1995. Para o Brasil os valores realizados em 1995 já representavam cerca de 78% da estimativa de vendas feita para 1999.

O estudo da PAHO/OMS também fez referência aos valores das vendas mundiais de agrotóxicos que cresceram cerca de oito vezes em duas décadas, evoluindo de US$ 2,700 milhões em 1970, para US$ 15,900 em 1980, atingindo US$ 21,500 milhões em 1990.

Os Estados Unidos, que representam os maiores consumidores mundiais de agrotóxicos, contam atualmente com mais de 25.000 formulações de agrotóxicos registradas e disponíveis para uso no mercado. Segundo boletim produzido pela Agência de Proteção Ambiental Americana (EPAv), o consumo anual estimado de pesticidas nos EUA é cerca de 1 milhão e 350 mil toneladas de ingredientes ativos, sendo que destes, aproximadamente 800 mil toneladas representam produtos para tratamento de madeiras, desinfetantes e enxofre (usado como fungicida), e as 550 mil toneladas restantes correspondem a "pesticidas convencionais" (herbicidas, inseticidas, e fungicidas), e apenas estes últimos foram vendidos aos usuários finais a um custo de US$7,4 bilhões de dólares em 1988 (ALVES FILHO, 2004).

No Brasil, o consumo desses produtos encontra-se em franca expansão. O país é responsável pelo consumo de cerca de 50% da quantidade de agrotóxicos utilizados na América Latina, o que envolveu um comércio estimado em cerca de US$ 2,5 bilhões em 1998 (SINDAG citado por MOREIRA, 2002). Atualmente o Brasil ocupa o quarto lugar no ranking dos países consumidores de agroquímicos.

Bittencourt (2004) reporta que o uso indiscriminado dos químicos agrícolas ao longo dos anos tem provocado o acúmulo de resíduos de compostos químicos nocivos na água, no solo e no ar. Tal situação tem implicado diversos problemas relacionados com a contaminação ambiental, a saúde pública e com os respectivos custos sociais decorrentes, destacando-se os de contaminação de alimentos e, principalmente, as intoxicações entre os que trabalham com esses produtos.


Página seguinte 



As opiniões expressas em todos os documentos publicados aqui neste site são de responsabilidade exclusiva dos autores e não de Monografias.com. O objetivo de Monografias.com é disponibilizar o conhecimento para toda a sua comunidade. É de responsabilidade de cada leitor o eventual uso que venha a fazer desta informação. Em qualquer caso é obrigatória a citação bibliográfica completa, incluindo o autor e o site Monografias.com.