Aplicação de cálcio em pré-colheita na conservação de pêssego (Prunus persica (L.) BATSCH.), CV. Chiripá

Enviado por Brackmann, Auri


RESUMO: O experimento teve por objetivo a avaliação do efeito da aplicação foliar de cálcio na qualidade pós-colheita de pêssegos ‘Chiripá’. O experimento de campo foi instalado em um pomar, no município de Farroupilha - RS e os frutos foram frigoconservados por 30 dias na temperatura de -0,5°C e 96% de UR, em câmaras da Universidade Federal de Santa Maria-RS. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com quatro repetições de quatro plantas.

Os tratamentos utilizados foram: T1 - duas pulverizações com CaCl2 a 0,8% (24 e 15 Dias Anteriores a Colheita); T2 - três pulverizações com CaCl2 a 0,8% (48, 24 e 15 DAC); T3 - quatro pulverizações com CaCl2 a 0,8% (64, 48, 24 e 15 DAC); T4 - duas pulverizações com CaO a 0,3% (24 e 15 DAC); T5 - três pulverizações com CaO a 0,3% (48, 24 e 15 DAC); T6 - quatro pulverizações com CaO a 0,3% (64, 48, 24 e 15 DAC); T7 - testemunha (pulverização com água). Como fonte de CaO foi utilizado o produto comercial Calbit C na concentração de 0,3%. As avaliações de maturação e qualidade foram realizadas na abertura das câmaras mais 2 dias de climatização dos frutos a 20ºC. Conforme os resultados obtidos, firmeza de polpa, SST, cor, acidez, incidência de podridão, lanosidade e perda de peso não apresentaram diferenças estatísticas entre os frutos de plantas tratadas e não tratadas com cálcio em pré-colheita. Assim, conclui-se que os tratamentos com duas fontes de cálcio em pré-colheita não têm efeito sobre a qualidade pós-colheita do pêssego cultivar Chiripá.

Palavras-chave: podridão, armazenamento, qualidade póscolheita

ABSTRACT: The objective of this experiment was to evaluate the effect of calcium sprays on the postharvest quality of ‘Chiripá’ peaches. The trials were conducted in an orchard in Farroupilha - RS and the fruits were stored for one month at -0,5ºC in the storage facilities of Federal University of Santa Maria. Experimental design was randomized blocks, with four replications with four plants in each experimental unit.

The treatments were: T1 - two CaCl2 sprays (24 and 15 DPH); T2 - three CaCl2 sprays (48, 24 and 15 DPH); T3 - four CaCl2 sprays (64, 48, 24 and 15 DPH); T4 - two CaO sprays (24 and 15 DPH); T5 - three CaO sprays (48, 24 and 15 DPH); T6 - four CaO sprays (64, 48, 24 and 15 DPH); T7 - Control (sprays with water). As source of CaO the commercial product Calbit C was used in the dose of 0,3% and the CaCl2 was used in dose of 0,8%. Maturation and quality evaluations were accomplished at the opening of the storage chambers plus 2 days of shelf life at 20ºC. According to the results, pulp firmness, SST, color, acidity, rottenness incidence, wolliness and weight loss didn't present statistical differences among the preharvest calcium treated and non treated fruits. It can be concluded that preharvest treatments with two calcium source doesn't have effect on the postharvest quality of ‘Chiripá’ peaches.

Key words: decay, storage, postharvest quality

INTRODUÇÃO

As principais causas da perda de qualidade pós-colheita em pêssegos são podridões, perda de firmeza, lanosidade, degenerescência da polpa e desidratação dos frutos, sendo as perdas estimadas em 28% (CHITARRA & CHITARRA, 1990).

A lanosidade é o principal distúrbio fisiológico de importância comercial em pêssegos e nectarinas. A temperatura de armazenamento está diretamente correlacionada com o grau de ocorrência e o desenvolvimento deste distúrbio (LUCHSINGER & WALSH, 1998), relacionando-se também ao desequilíbrio da atividade pectolítica (BEN-ARIE & SONEGO, 1980), que ocorre quando os frutos são armazenados em temperaturas menores que 8°C (TAYLOR et al ., 1994). A formação da lanosidade ou gel é dependente das pectinas, do seu peso molecular, grau de esterificação, pH e temperatura. A influência do pH sobre a formação do gel depende de outros fatores como concentração de pectinas, temperatura, concentrações de ácidos e sais como íons de cálcio que formam pontes entre o ácido péctico (BEN-ARIE & LAVEE, 1971).

Muitas técnicas podem ser utilizadas para manter a qualidade das frutas durante o armazenamento, dentre elas, está a aplicação de cálcio em pré ou em pós-colheita. Durante o processo de amadurecimento dos frutos ocorrem várias transformações, sendo uma das mais proeminentes o amolecimento da polpa, que está relacionado com a estrutura da parede celular. Há indicação de que as pectinas solubilizam durante os primeiros estádios do amadurecimento, levando a perda de firmeza (HIGNEY & WILLS, 1981). O cálcio é um componente indispensável na constituição da lamela média da parede celular (POOVAIAH et al ., 1988), sendo assim, tem relação direta com desordens fisiológicas, e também, com efeitos na redução da respiração, mantendo a firmeza de polpa (CHITARRA & CHITARRA, 1990; SAFTNER et al ., 1998) e reduzindo a incidência de podridões no armazenamento (CONWAY et al., 1994).

Aplicações de cálcio pós-colheita em pêssegos proporcionam menores perdas de açúcares da parede celular (HOLLAND, 1993). O cálcio, também mantém firmeza, melhorando a qualidade de caqui ¢Fuyu¢ (RUBIN et al ., 1998) e, em pêra, reduz o escurecimento interno (FRANCÉS et al., 1999). Em tomate e maçã, o cálcio favorece a qualidade organoléptica, melhorando a aceitabilidade do produto pelos consumidores (KLEIN et al ., 1998).

O presente trabalho teve o objetivo de avaliar o efeito da aplicação foliar de duas fontes de cálcio, de duas a quatro épocas durante a pré-colheita, na conservação da qualidade do pêssego, cv. Chiripá, em armazenado refrigerado.

MATERIAL E MÉTODOS

Este trabalho foi conduzido em duas fases, sendo que a primeira realizou-se em pomar comercial de pêssegos no município de Farroupilha - RS, com idade de seis anos, espaçamento 3x6, onde as plantas receberam os tratamentos com cálcio, e a segunda etapa realizada em Santa Maria-RS, onde houve o armazenamento em câmaras frigoríficas do Núcleo de Pesquisa em Pós-colheita (NPP) da Universidade Federal de Santa Maria. Os tratamentos utilizados no pomar constam na tabela 1.

 

A aplicação de cálcio foi realizada através de pulverização de uma fonte de cálcio mais espalhante adesivo (Silwet), até o completo molhamento das folhas e frutos, utilizando-se um pulverizador costal de 20 litros. Para aplicação de CaO foi utilizado o produto comercial Calbit C, na concentração de 0,3% e o CaCl2 foi aplicado na concentração de 0,8%.

Os frutos foram colhidos em 06/01/2000 no estádio de maturação verdolengo, e logo após a colheita foram transportadas até o Núcleo de Pesquisa em Pós-colheita da UFSM em Santa Maria. No momento em que os frutos chegaram no NPP, foram selecionados, descartando-se aqueles que apresentavam danos mecânicos ou causados por insetos, e as amostras experimentais de 25 frutos foram homogeneizadas, acondicionadas em redes e armazenadas em mini-câmaras com volume de 240 litros, onde a umidade relativa foi mantida em torno de 96%. O monitoramento da umidade foi realizado com psicrômetro hermético, por onde foi circulado o ar das minicâmaras e através de uma tabela psicrométrica determinou-se a UR. A temperatura da polpa durante o armazenamento permaneceu em –0,5°C, com variação de ±0,2°C. O monitoramento da temperatura foi realizado com termômetros de alta precisão introduzidos na polpa dos frutos, que permaneceram no interior das minicâmaras.


Página seguinte 



As opiniões expressas em todos os documentos publicados aqui neste site são de responsabilidade exclusiva dos autores e não de Monografias.com. O objetivo de Monografias.com é disponibilizar o conhecimento para toda a sua comunidade. É de responsabilidade de cada leitor o eventual uso que venha a fazer desta informação. Em qualquer caso é obrigatória a citação bibliográfica completa, incluindo o autor e o site Monografias.com.