Artigo original: "R. Bras. Zootec., Jun 2004, vol.33, no.3, p.546-554. ISSN 1516-3598"
Foram utilizados 87.045 registros de produção de leite, na primeira lactação, de 11.023 vacas da raça Holandesa, obtidos nos anos de 1997 a 2001, em diferentes rebanhos distribuídos em dez núcleos do Estado de Minas Gerais. Foram avaliados seis tipos de mensuração da persistência na lactação utilizando-se os valores genéticos da produção de leite, obtidos por meio do modelo de regressão aleatória - MRA. Utilizou-se a função de Wilmink na descrição dos efeitos aleatórios e fixos, pelo MRA. As estimativas de herdabilidade e de correlação genética, para as várias mensurações da persistência na lactação, variaram em decorrência da definição da persistência. As estimativas de herdabilidade para persistência na lactação variaram de 0,11 a 0,27 e as estimativas de correlação genética entre as mensurações da persistência na lactação e produção de leite até 305 dias, de -0,31 a 0,55, indicando que a persistência na lactação é uma característica de moderada herdabilidade e pouco correlacionada com a produção de leite até 305 dias. A seleção de animais para persistência na lactação, com o objetivo de alterar a forma da curva de lactação, pode ser eficiente.
Palavras-chave: correlação genética, herdabilidade, modelos de regressão aleatória, persistência na lactação, produção de leite no dia do controle, raça Holandesa
A total of 87,045 milk yield records of 11,023 first-parity Holstein cows was utilized, obtained from 1997 to 2001 from different herds of 10 Minas Gerais locations. Six types of persistency measures in lactation were evaluated using milk yield breeding values, obtained by means of Random Regression Model - RRM. The Wilmink function was used to describe the random and fixed effects by RRM. Heritability estimates and genetic correlations for various persistency measures in lactation were dependent on the definition of persistency. The heritability estimates for persistency in lactation ranged from 0.11 to 0.27 and the genetic variations among persistency measures in lactation and milk yield up to d 305 ranged from -0.31 to 0.55, showing that persistency in lactation is a trait of moderate heritability showing little correlation with milk yield up to d 305. The selection of animals for persistency in lactation aiming to alter the lactation curve may be effective.
Key words: genetic correlation, heritability, random regression model, persistency in lactation, test-day milk yield, Holstein cows
Diferentes definições da persistência na lactação são encontradas na literatura. De forma geral, esta é definida como a capacidade da vaca em manter sua produção de leite após atingir a produção máxima na lactação.
Há, na literatura, quatro métodos de mensuração da persistência na lactação: 1) baseado em razões entre produção de leite em diferentes fases da lactação; 2) baseado na variação da produção de leite, ao longo da lactação; 3) baseado em parâmetros de modelos matemáticos; e 4) baseado nos valores genéticos obtidos por meio de coeficientes aleatórios dos modelos de regressão aleatória.
No entanto, o principal problema relativo ao estudo da persistência na lactação está no fato de como expressar a forma da curva de lactação em um único termo (Sölkner & Fuchs, 1987). Muitas tentativas têm objetivado encontrar a melhor maneira de expressá-la (Sölkner & Fuchs, 1987; Jamrozik et al., 1997b; Grossman et al., 1999; Jakobsen et al., 2002, entre outros).
A persistência na lactação está diretamente relacionada com aspectos econômicos da atividade leiteira, pois a melhoria desta persistência pode contribuir para redução de custos no sistema de produção (Tekerli et al., 2000; Jakobsen et al., 2002).
Basicamente, há dois caminhos pelos quais os custos de produção podem ser reduzidos. O primeiro está associado à redução de custos com alimentação dos animais, em que parte da alimentação concentrada pode ser substituída pela alimentação volumosa (Sölkner & Fuchs, 1987) e pela produção de leite adicional, obtida de animais com melhores níveis de persistência (Dekkers et al., 1996; Dekkers et al., 1998). O segundo está relacionado com redução de custos pela minimização de problemas associados à saúde e reprodução animal (Madsen, 1975; Sölkner & Fuchs, 1987; Reents et al., 1996; Grossman et al., 1999).
De acordo com Sölkner & Fuchs (1987), há indicativos da existência de diferenças genéticas, para persistência na lactação, entre animais, razão pela qual a seleção, para esta característica, possa ser vantajosa. Esta última afirmação também foi relatada nos trabalhos de Bar-Anan & Ron (1985), Jamrozik et al. (1995), Swalve (1995a), Jamrozik et al. (1997b), Jamrozik et al. (1998) e Tekerli et al. (2000).
A utilização de modelos de regressão aleatória melhora a acurácia das avaliações genéticas e fornece um ótimo mecanismo para avaliar a persistência na lactação, pois, por meio desta metodologia, pode-se predizer o valor genético dos animais, em diferentes períodos da lactação (Lin & Togashi, 2002).
Com o intuito de estudar a viabilidade da utilização da característica persistência na lactação em avaliações genéticas, em gado de leite, uma vez que são escassos os estudos sobre este assunto, principalmente em condições tropicais, objetivou-se, neste trabalho, estimar parâmetros genéticos para persistência na lactação, obtidos por diferentes tipos de mensuração, utilizando-se o método da máxima verossimilhança restrita e os modelos de regressão aleatória, bem como estimar correlações genéticas entre essas diferentes medidas de persistência na lactação e a produção de leite até 305 dias.
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