Análise da curva de progresso temporal da vassoura-de-bruxa do cupuaçuzeiro

Enviado por Carlos T. S. Dias


RESUMO

A evolução de lançamentos e de flores de cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum) com sintomas de vassoura-de-bruxa e a produção de basidiocarpos do patógeno (Crinipellis perniciosa) foram monitoradas em plantas enxertada e não-enxertadas de um campo experimental no município de Belém, PA. Modelos epidemiológicos (logístico, Gompertz, e as somas logístico + logístico e Gompertz + Gompertz) foram ajustados a curvas de progresso da doença bianuais (1993 e 1994 para incidência da doença em lançamentos e basidiocarpos produzidos nesses lançamentos) e anuais (1994), para incidência da doença em flores e basidiocarpos produzidos nessas flores. A soma de duas equações logísticas apresentou bom ajuste aos dados bianuais e o modelo logístico, aos dados anuais. O início da manifestação dos sintomas esteve, geralmente, associado ao período seco enquanto que a produção de basidiocarpos coincidiu com o período chuvoso. A maior emissão de vassouras-de-bruxa ocorreu de julho a outubro e a maior frutificação, entre maio e julho.
Palavras-chave adicionais: Theobroma grandiflorum, Crinipellis perniciosa, modelos de progresso de doenças.

ABSTRACT

Analyses of the temporal progress curve of "cupuaçuzeiro" witches' broom

An experimental field study was carried out in Belém, Pará, Brazil, in order to monitor the evolution of two diseases in grafted and non-grafted plants: 1) the amount of cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum) sprouts and flowers with symptoms of witches' broom and 2) the presence of basidiocarps of the pathogen Crinipellis perniciosa. Epidemiological models (logistic, Gompertz, logistic + logistic and Gompertz + Gompertz) were fit to biannual disease progress curves (1993 and 1994 for the incidence of the disease in the sprouts and for basidiocarp production in the sprouts) and annual (1994) for the disease incidence on flowers and for basidiocarps produced in the flowers. The sum of the two logistic equations fit well with biannual data and the logistic model fit the annual data. The appearance of symptoms was generally associated with the dry period, whereas the production of basidiocarps occurred during the rainy period. The amount of witches' broom was highest from July to October and the most fungus fruiting bodies was detected in May-July.

 

A vassoura-de-bruxa, causada por Crinipellis perniciosa (Stahel) Singer, é a principal doença do cupuaçuzeiro [Theobroma grandiflorum (Willd. ex. Spreng) Schum]. O ataque do patógeno nos ramos do ano leva à hiperplasia e hipertrofia, tendo como conseqüência perda na produção visto que esta frutífera produz no ramo do ano.

Os sintomas são semelhantes aos descritos na cultura do cacau (Andebrhan et al., 1983). Nos brotos vegetativos infetados o patógeno acompanha o ponto de crescimento, tornando-os hipertrofiados e com intensa proliferação lateral, cujo aspecto característico é de uma vassoura-de-bruxa. Após, determinado período, as vassouras-de-bruxa secam, as folhas enrolando-se, ficam dependuradas, destacando-se entre as ramagens e a coloração verde da planta. Quando a infecção ocorre nos primeiros estádios de formação do broto floral, há formação de ramalhete de flores anormais, hipertrofiadas e agigantadas. As flores hipertrofiadas dão origem a frutos deformados que morrem prematuramente. Nos frutos, os sintomas variam dependendo do modo de infecção e da idade do mesmo. Destacam-se dois tipos de infecção: a) indireta, através das flores infetadas dando origem a frutos de formato cilíndrico com o centro deprimido de coloração pardo-escura e petrificado; b) direta, por meio do epicarpo. Frutos infetados ainda jovens adquirem a forma elipsóide. Frutos infetados em estádio mais desenvolvido apresentam, quando adultos, manchas de coloração parda. Nesse caso, as amêndoas encontram-se parcialmente ou totalmente apodrecidas e aderidas entre si.

Segundo Fry (1982), o conhecimento do desenvolvimento de uma doença em populações é importante para auxiliar na escolha de estratégia de controle e para avaliar o efeito das estratégias adotadas. O progresso temporal de doenças policíclicas tem sido descrito por modelos sigmóides simples, como os logísticos e de Gompertz, por exemplo, e por modelos sigmóides duplos, obtidos pela soma desses modelos simples (Hau et al. 1993; Bergamin Filho & Amorim, 1996). Segundo Hau et al. (1993) vários patossistemas apresentam padrão de crescimento sigmóide duplo, como Ustilago scitaminea Sydow– cana-de-açúcar (Saccharum sp.) (Amorim & Bergamin Filho, 1991; Amorim et al., 1993), Phytophthora capsici Leonian– pimentão (Capsicum annuum L.) (Bowers et al., 1990) e Fusarium oxysporum f. sp.vasinfectum (Atk.) Snyder  & Hansen combinado com Meloidoyine incognita (Kofoid & White) Chitwood–algodão (Gossypium hirsutum L.) (Starr, 1989). Esses modelos de crescimento podem, ainda, ajustar-se às curvas poliéticas de progresso de doenças para clorose variegada dos citros (Citrus spp.) (Laranjeira et al., 1998).

Considerando a escassez de informações sobre a dinâmica da vassoura-de-bruxa do cupuaçuzeiro, este trabalho, objetivou a avaliação temporal do progresso da vassoura-de-bruxa do cupuaçuzeiro, em órgãos vegetativos e reprodutivos.

 


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