“A economia política, considerada como ramo da ciência do estadista ou legislador, propõe dois objetivos distintos: primeiro, proporcionar uma renda abundante, ou subsistência para o povo, ou, mais propriamente, permitir-lhe proporcionar uma tal renda ou subsistência para ele mesmo; e segundo, suprir o estado, ou comunidade, com uma renda suficiente para os serviços públicos. Propõe-se a enriquecer o povo e o soberano” (ADAM SMITH, 1986:169), este último, hodiernamente, visto como o próprio Estado.
Mas, “O que faz a riqueza de um país?”, pergunta LEO HUBERMAN, autor da magistral “História da riqueza do homem” (1986:118). E o próprio ADAM SMITH, na obra supra citada, responde que “Um país rico, do mesmo modo que um homem rico, supõe-se que seja um país onde há abundância de dinheiro”. Na esteira, assevera SMITH, “Que a riqueza consista no dinheiro, ou no ouro e na prata, é uma noção popular que naturalmente origina-se da dupla função do dinheiro, como instrumento do comércio e como medida do valor. Em conseqüência, quando temos o dinheiro, podemos mais rapidamente obter o que quer que precisemos. O grande afazer, sempre descobrimos, é conseguir dinheiro.”
Dinheiro, como expressa DE PLÁCIDO E SILVA (2002:268), deriva do “latim denarius (deni, ‘cada dez’) e designava, entre os romanos, certa moeda de prata, que valia 10 asses, passando depois a distinguir, genericamente, toda espécie de moeda, circulante no comércio, servindo de troca das coisas que se recebem em seu lugar. É, assim, o principal elemento na circulação das riquezas, usado como mediador entre todas as operações mercantis. E, possuindo conceito equivalente à moeda, se indica medida de valor, é indispensável à execução de tais trocas, promotoras da mobilização das riquezas.”
Ora, se, como visto até então, o bem-estar e o conforto dependem da produção e da mobilização de riqueza, se esta consiste no dinheiro farto e se este tem um conceito equivalente à noção de moeda – vale dizer, são sinônimos –, então, não restam dúvidas de que ela, a moeda, é essencial e é imprescindível à vida das pessoas e do próprio Estado. Há muito o escambo perdeu a primazia para a própria moeda, no que concerne às trocas pertinentes às necessidades e aos desejos, não obstante o inegável avanço que tal prática representou para a humanidade. Todavia, como explica JUAREZ RIZZIERI (MANUAL DE ECONOMIA, 1996:25), “o puro escambo se realiza sob tão grandes desvantagens, que não seria mais concebível sua utilização e sua consecução sem a introdução do uso da moeda. Em quase todas as culturas, os homens não trocam mercadorias, mas vendem uma delas por moeda e, então, usam a moeda para comprar as mercadorias que desejam.”
Marco Aurelio Paganella
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