Sobre a natureza mística e humana de um milagre


Recentemente diversos eventos ligados aos mais variados meios de comunicação trouxeram à baila uma discussão que já fora anteriormente eternizada por comentários limitados apenas aos meios acadêmicos e religiosos: o fato de que existe, além da natureza mística dos atos e passagens que envolvem JESUS CRISTO, uma outra natureza mais obscura e desconhecida: a sua própria natureza humana, suas características, seu comportamento, bem como os anseios e aspirações mais recônditas e desconhecidas até então.

Dentre os eventos citados temos a recente publicação de DAN BROWN intitulada de “O Código da Vinci”, um suspense romanceado no qual uma trilha de intrigas conduz a uma nova busca pelo Santo Graal (ou melhor, o cálice utilizado por Cristo durante a última ceia em companhia de seus apóstolos), que, abarcando uma tomada mais ampla torna o comentário acerca deste cálice uma revolução em torno da possibilidade de Jesus não haver morrido crucificado e, desta forma, constituir uma família, gerando uma verdadeira linhagem “sagrada”, com descendentes até os dias atuais.

Na verdade a busca traduzida nas linhas do referido volume, referem-se à possibilidade de que o único vestígio existente sobre esta linhagem seriam os restos mortais de Maria Madalena, esposa do Nazareno, que teria migrado para a Europa logo após o suplício de Jesus e ali, através de diversos contatos, no mínimo fantásticos, estabelecer a referida linhagem, inclusive com ligações com a Ordem dos Cavaleiros Templários, a Ordem Rosacruz e a Ordem Maçônica.

Esta obra, independentemente de sua origem ou ainda das fontes abordadas e de como foram elas utilizadas para criação do clima que constitui seu cerne, criou um enorme, porém sutil, rumor nos meios literários, acadêmicos e de estudos religiosos, cujo principal eixo de análise é uma discussão ampla e consciente sobre a natureza mística em confronto com a origem histórica de Jesus Cristo. Ambos são faces do mesmo homem, todos os eventos a ele ligados são conectados tanto pela abordagem mística, como também pela sua origem histórica.

Afinal, Jesus era, antes de tudo descendente de judeus, e assim como eles foi ensinado, educado e orientado. A formação do indivíduo é sempre produto do meio em que vive. E quando consideramos este meio, ele não é apenas de ordem social, mas religiosa, civil, amorosa, sentimental e educacional. Sentimentos, aspirações e devaneios integram a formação de qualquer indivíduo e, como não poderia deixar de ser, influem em suas ações, seus pensamentos e as motivações que funcionam como fio condutor do futuro deste indivíduo.


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Antonio de Jesus Trovão
ctrovao[arroba]uol.com.br


 
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