Tendência dos interesses bursáteis e estatais tem sido a de ocupar espaços no conhecimento contábil com a imposição ditada por leis e normas. Até que ponto é possível admitir como predominância a informação sobre o entendimento dela, todavia, é fato que permanece indefinido. Quanto tempo sobreviverá na forma em que se situa tal episódio histórico em nossa disciplina, com as transgressões à doutrina científica também é ainda uma interrogação. Importante, todavia, é reconhecer que entre seguir o normalizado e prosseguir na indagação científica conflito existirá, como prevalecerão ainda por razoável tempo informações desencontradas segundo o fim ao qual se destinam. Tudo se passa como se a título de promover a “harmonização contábil” se tenha estabelecido uma desarmonia de informações.
PALAVRAS CHAVE: Normas Contábeis – Informações Contábeis – Contabilidade Internacional – Harmonização Contábil – Contabilidade Criativa
Analogicamente é possível dizer que a normalização em nossos dias em acelerada marcha se operando é como um “buraco negro” face ao universo do conhecimento contábil.
Ou seja, tal evento ocupa um espaço aonde o campo de atração é tão denso e forte que nada pode transpor o mesmo, sequer a luz da realidade, parecendo algo imerso em escuridão.
Para a Astrofísica a matéria (massa) é a causa do campo gravitacional que se situa em sua volta, e, quanto mais forte, mais atraente, a ponto de impedir a emissão e a conseqüente propagação da luz, mesmo possuindo esta uma significativa velocidade.
Há, pois, mais de negro que de buraco no conceito expresso.
Assim contabilmente está a ocorrer: a densidade da pressão exercida pelos agentes no mercado de capitais é tão poderosa que não há preocupação com coisa alguma senão com os aspectos de manipulações informativas, impedindo pela força a emissão da luz do conhecimento que a doutrina da Contabilidade oferece.
Como o buraco negro é um corpo que produz um campo gravitacional intenso, suficiente para ter velocidade de escape superior à velocidade da luz, assim também, não se pode negar que poderosos são os grupos interessados em informações contábeis nas Bolsas de Valores ao feitio de grupos dos beneficiários dos movimentos desta, exercendo influência superior à da própria ciência.
Uma vez que nada sai de um buraco negro, como nada do mesmo chega até nós, também quanto ao campo racional em Contabilidade nada chega de indagação do normativo que possa beneficiar conceitos, estes que são os responsáveis pelas estruturas científicas.
Resta-nos então, como ocorre na Astrofísica, a observação indireta, através dos efeitos de vizinhança.
Como se observa um buraco negro relacionando-o às "coisas" que o rodeiam ou então as que "caem" em sua direção, a posição do cientista da Contabilidade é a de observar as vizinhanças e os problemas ocorridos (como os detectados desde a década de 70 e que recentemente geraram acontecimentos como os sucedidos na ENRON, QWEST etc.).
Inequívoco, todavia, é que estamos vivendo uma época em que se alguém apenas pedir a um Contador o “Balanço Patrimonial” para informar-se ele haverá de perguntar: “qual deles”?
Antônio Lopes de Sá
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