Esta tese de doutorado lida com o processo de negociação de identidades em sociedades complexas e a possibilidade de desafiar projetos coletivos em nome da liberdade de circular por diversos domínios simbólicos. Trato especificamente de casais formados por judeus e não judeus oriundos das camadas médias da cidade do Rio de Janeiro. Tais casamentos, tomados como um ponto de intercessão entre biografias individuais e trajetórias sociais, são bons para pensar sobre a construção de identidades sociais na metrópole, a relação indivíduo/sociedade, a preservação/manutenção de memórias coletivas, as relações entre Modernidade e Tradição e a transmissão de tais memórias através das gerações.
A intenção é apreender a lógica e os valores que regem este tipo de união matrimonial, as afinidades que criaram as condições para o encontro e o modo como a nascente família nuclear lida com as diferenças culturais que permanecem a despeito da união. Diferenças estas que não se resumem, necessariamente, ao pertencimento étnico, ao menos no caso do parceiro judeu. Um segundo objetivo, intimamente associado ao primeiro, é a análise da relação entre biografias individuais e preservação/reprodução de memórias coletivas, a articulação permanente entre a construção de identidades sociais e a adequação, ou não, do indivíduo aos projetos definidos coletivamente, seja pela família, pelo grupo étnico, religioso ou de outra natureza.
Palavras-chave: individualismo, sociedades complexas, família, projeto, identidades sociais, casamento, judaísmo, casamento “misto”, etnicidade.
Marcelo Gruman
marcelogruman[arroba]funarte.gov.br