Este ensaio pretende apontar reflexões sobre o Mito de Narciso, tentar estabelecer ligações entre o objeto de arte e os signos que ele sugere, à luz da Semiologia, de Roland Barthes, ampliadas e complementadas por outros estudiosos da área. Estes autores discutem o signo no seu sentido múltiplo e renovável, que muda de leitura para leitura, e que faz do homem sujeito de significações, ativo e instaurador de signos, que consegue reconhecê-los, compartilhá-los e estabelecer relações entre eles, extraindo significados e conhecimento.
O mito surge nessa leitura como metassígnico em relação à imagem conotada no espelho e, na recepção do leitor-artesão e nas relações entre os sistemas de signos, o protagonista Narciso-imagem-artista-artesão seria, desde aquela época, um pensador icônico. Portanto, uma leitura semiótica.
Como leitura semiótica entendemos o verdadeiro papel da semiologia em decifrar os códigos do signo-arte, a compreensão do mundo icônico e indicial para compreensão do mundo verbal, do entendimento das relações entre poesia e arte, do próximo e do parecido.
E como imagens caleidoscópicas, procuraremos pistas, através do olhar ao espelho, para as significações do signo-imagem-Narciso. Nesse caso, o signo icônico da palavra narciso produzirá várias imagens, o que será conduzido e entendido, neste trabalho, através da mediação da linguagem. As imagens, nessa visão, teriam raízes na lingüística evidente com os trabalhos de Roland Barthes.
Rodrigo da Costa Araújo
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