Resumo: Dentro de uma perspectiva epistemológica, este texto propõe uma reflexão liminar sobre a semiologia, a partir da própria nomenclatura: falar “semiologia” ou “semiótica” implica significações, fincadas em pressupostos e fundamentos diferenciados.
Palavras-chave: Epistemologia; Semiologia; Semiótica.
De acordo com a clássica definição filosófica, a epistemologia ou, ainda, teoria do conhecimento, ou gnoseologia – investiga a natureza e os graus do conhecimento, respondendo a questões, tais como: o que podemos nós conhecer? como conhecemos? Portanto, o conhecimento constitui o tópico principal da epistemologia. Embora justapostos, quatro grupos principais de questões circunscrevem o corpus da teoria do conhecimento: sua origem, sua natureza, seus tipos, o que é conhecido. Dentro da perspectiva epistemológica, visa este texto a uma reflexão liminar sobre a semiologia, considerada em seus fundamentos.
Como falar: semiologia ou semiótica? Essa nomenclatura designa, grosso modo (mas há, também, uma delicadeza dos signos), a ciência dos signos e dos sistemas significantes (lingüísticos ou não-lingüísticos, como o teatro, o cinema, os ritos etc.); podemos, também, de maneira geral, enunciar que uma mesma diligência dissimula-se por detrás das diferentes denominações de “semiologia” e “semiótica”, oposição fundada, primeiramente, em razões históricas: o filósofo americano Charles Sanders Peirce (1839-1914) e o lingüista suíço Ferdinand de Saussure (1857-1913) conceberam, simultânea e independentemente (em sincronicidade, diria Jung – 1875-1961), um estudo dos sistemas de signos, e, de um modo mais geral, um estudo dos sistemas de significação, nomeado “semiotics”, pelo fundador do pragmatismo estadunidense, e “semiologie” pelo mestre genebrino. Por outro lado, alguns estudiosos, como A Greimas, lituano, e J. Courtés, francês, propõem designar-se por “semiótica” a ciência dos signos concernente a um domínio particular (cinema, literatura, por exemplo) e de fazer da “semiologia” a “teoria geral de todas as semióticas particulares” (GREIMAS e COURTÉS, 1999, 405-408). Já outros teóricos reservariam o termo “semiologia” aos objetos lingüísticos e o vocábulo “semiótica” aos objetos não-lingüísticos; para uma outra corrente de pensadores, a semiologia corresponderia às ciências humanas, ao passo que a semiótica teria como objeto as ciências do natureza. Se é incerta, talvez competitiva, a distinção entre semiologia e semiótica, pode-se observar que a designação “semiologia” diz respeito, sobretudo, aos trabalhos de Saussure e por ele inspirados, enquanto que o significante “semiótica” é mais utilizado pela tradição anglo-saxã, veiculando-se, amplamente, na cultura pós-moderna por força mesmo da hegemonia norte-americana.
Latuf Isaias Mucci
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