A polidez e a cultura da escola em tempos sombrios


Por que as pessoas conhecidas estão deixando de dar “bom dia”, pedir “desculpas”, “por favor”, “licença”, etc? Por que os vendedores das lojas não sabem como atender seus clientes? Que fazer com os professores que tratam mal seus alunos e colegas? Será que estamos regredindo no trato social? Que pode fazer a educação para evitar a barbárie?

A falta de polidez pode ser um efeito da mudança dos valores no mundo ocidental de nossa época, mas, também há que se levar em conta as especificidades da cultura brasileira. O estrangeiro ingênuo concebe o brasileiro como alegre e cordial. “Brasileiro é tão bonzinho”, dizia a personagem americana de um antigo programa de humor. Alguns minutos no nosso trânsito são suficientes para revelar o desrespeito às regras entre os motorizados e pedestres. Também, a convivência cotidiana no lar, na escola e no trabalho revela que estamos longe de sermos cordiais e suficientemente civilizados.

O novo Código de Transito, vigente no Brasil, apesar de prever pesadas multas, ainda não conseguiu conscientizar os motoristas e usuários a não avançar o sinal, a não jogar detritos e cigarro aceso para fora do carro, a não usar o som alto de madrugada, a evitar dirigir embriagado, etc. Para piorar as coisas, um parlamentar conseguiu aprovar uma lei que protege o alcoolizado para não fazer teste de bafômetro!   Sinais de incivilidade têm uma causa primeira: a educação. Algumas escolas estão despertando para esse problema, fazendo a sua parte, ou seja, promovem cursos sobre “etiqueta social” ou “polidez”, como já acontece nas escolas japonesas e européias. Estas instituições demandam, primeiramente, um efeito de civilidade no seu próprio espaço tendo em vista a crescente falta de respeito dos alunos para com as professoras e a incapacidade dos pais de hoje de verdadeiramente educar os filhos.

Recentemente foi noticiando um fato novo: a invasão de privacidade na Internet, roubos de senhas no Messenger, falsas páginas no Orkut, e até casos denominados cyberbullying, pressionam a escola discutir com os alunos os limites éticos na Internet e regras de convívio no meio virtual.

Não somente a escola vem promovendo cursos de polidez. Também o meio empresarial vem investindo na aprendizagem das etiquetas próprias deste meio social, tanto para melhorar o "marketing pessoal" perante os outros como para evitar as gafes nas viagens internacionais.

Por muito tempo a polidez foi confundida com a hipocrisia cultivada, como uma falsa virtude, porém, “a polidez mostra-se hoje em dia tão indispensável quanto a nossa democracia” (DHOQUOIS, 1993, p. 7).


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Raymundo da Lima
ray_lima[arroba]uol.com.br


 
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