Negação da Política, Afirmação do Conservadorismo


Ao que tudo indica, o ano de 2005 será inserido na história política brasileira, como um dos mais conturbados e tensos para a vida nacional. A publicização dos mecanismos utilizados pelo PT (Partido dos Trabalhadores), maior partido de "esquerda" do país, para atrair para sua órbita programática as diversas forças partidárias do cenário político, acabou por revelar uma profunda "mercantilização" da própria política. O que, sem dúvida, gerou amplos debates acerca da própria limitação e configuração do regime democrático-burguês. Isto porque, a crise do PT se revelou muito mais do que uma crise partidária, na qual, o seu desmantelamento político-ideológico, pode ser um exemplo. Na verdade, esse momento está muito mais próximo de uma crise de Regime, na qual a ausência da Política, no âmbito parlamentar, foi e está sendo a principal característica.

Obviamente que esta crise da Política – no âmbito do que Gramsci chama de "sociedade política", basicamente constituída pelo "monopólio da violência" estatal – não se encerra neste momento centralizador característico do Estado. Ainda com Gramsci, pode-se afirmar que essa crise se estende para outra esfera do Estado, compreendido de um modo ampliado, que é a própria "sociedade civil". Neste sentido, é importante apreender quais são as conseqüências para a Política estabelecida não apenas como prática específica de um aparelho estatal restrito, mas tendo em vista o seu entendimento ampliado. Em outras palavras, observando como a Política é relacionada com os mais diversos indivíduos, grupos e classes sociais que vivem na "sociedade civil".

Verifica-se mais palpável uma possível ligação entre a onda conservadora presente em Brasília e o restante do conjunto da "sociedade civil". Dentro desse movimento conservador, pode-se citar desde o pagamento pelo PT para partidos, com objetivo de manter uma certa base aliada, até a vitória de Severino Cavalcanti para a Presidência da Câmara Federal. Diante dos fatos divulgados recentemente, não parece haver dúvidas quanto ao caráter mercantil da política parlamentar, no qual a compra de ideologias se tornou pública. Isso nos faz olhar para a mercantilização da própria vida social, caracterizando um cenário de considerável fortalecimento de movimentos anti-políticos.


(Ver trabalho completo)

 

Claudio Reis
reiscl[arroba]yahoo.com.br


 
As opiniões expressas em todos os documentos publicados aqui neste site são de responsabilidade exclusiva dos autores e não de Monografias.com. O objetivo de Monografias.com é disponibilizar o conhecimento para toda a sua comunidade. É de responsabilidade de cada leitor o eventual uso que venha a fazer desta informação. Em qualquer caso é obrigatória a citação bibliográfica completa, incluindo o autor e o site Monografias.com.