"Este corpo não te pertence!". Algumas reflexões sobre saúde e doença na modernidade - O caso do "Homossexualismo"


Este artigo parte da premissa de que o indivíduo da modernidade, construído a partir da filosofia política do século XVIII, senhor absoluto dos direitos de igualdade e liberdade, não dispõe de tamanho poder no que concerne ao seu corpo físico. Considerar as possíveis relações entre o individualismo e a biomedicina, nos permite observar com outros olhos as questões mais contemporâneas que envolvem os debates sobre sexualidade e direitos reprodutivos, principalmente no que se refere à homossexualidade e ao aborto.

O presente trabalho tem por objetivo abordar a construção da homossexualidade no Ocidente e as implicações dos conceitos de saúde e doença nessa história que se fortalece no século XIX, mas que começa a ser cunhada a partir da Revolução Industrial do século XVIII. Se o desenvolvimento da biomedicina na era moderna se dá por um controle cada vez mais preciso dos corpos, potencialmente perigosos à ideologia liberal-capitalista, é através de movimentos em torno da corporalidade que essa ideologia tem sido questionada, invertida ou renovada, no sentido de subverter ou construir novas formas de controle.

PALAVRAS-CHAVE: Homossexualidade, corporalidade, individualismo, saúde, biomedicina higienista.

O trabalho que aqui se inicia tem por objetivo refletir sobre o período que se estende da segunda metade do século XIX até a Segunda Guerra, quando um discurso sobre a homossexualidade começa a ser moldado nas culturas ocidentais. Especificamente, interessa pensar o caso brasileiro, em que um discurso sobre as relações de mesmo sexo começa a se fazer circunscrito às políticas higienistas que vão ter seu auge nos primeiros anos da República brasileira (1889). Quando digo que um discurso sobre a homossexualidade se configura nesta época não estou sugerindo que as relações de mesmo sexo não existissem anteriormente a tal período ou, ainda, que antes dessa época houvesse uma liberdade generalizada para qualquer forma de sexualidade. O que vai acontecer nesse período é o início de uma preocupação com os corpos dos indivíduos que, ao tornarem-se cidadãos, tornamse também produtores potenciais e necessários para a máquina capitalista.


(Ver trabalho completo)

 

Marco Aurélio da Silva
marcoaureliosc[arroba]hotmail.com


 
As opiniões expressas em todos os documentos publicados aqui neste site são de responsabilidade exclusiva dos autores e não de Monografias.com. O objetivo de Monografias.com é disponibilizar o conhecimento para toda a sua comunidade. É de responsabilidade de cada leitor o eventual uso que venha a fazer desta informação. Em qualquer caso é obrigatória a citação bibliográfica completa, incluindo o autor e o site Monografias.com.