Esta é uma terra selvagem, no extremo sul do Brasil. Uma terra açoitada pelos frios ventos do inverno e pelo escaldante sol do verão.
Uma terra onde a vista se perde em um horizonte de imensidão e silêncio, apenas entrecortado pelos sons da natureza.
Esta terra, o limite sul da planície costeira que viria a se chamar Restinga de Rio Grande, permaneceu intocada até a segunda metade do século XVII, quando aqui chegaram os primeiros explorados luso-brasileiros. Antes disso, somente indígenas das nações chaná e tupi-guarani habitavam a restinga, coexistindo harmonicamente com uma diversidade de espécies e ambientes. Charruas, patos e outros grupos percorriam a planície caçando aves e pequenos mamíferos, pescando e coletando mariscos.
Entretanto, no começo do século XVIII, a introdução do gado e o crescente comércio do couro iniciam o processo colonizador da restinga.
Os nativos são rapidamente dizimados ou absorvidos como mão-de-obra e surgem os primeiros núcleos de povoamento. Em 1751, a Vila de São Pedro de Rio Grande, atual cidade do Rio Grande, passa a exercer o controle político-administrativo sobre todo o território que hoje constitui o Rio Grande do Sul.
No entanto a restinga mantém em grande parte sua fascinante beleza natural, como no período em que somente os nativos a testemunharam.
Banhados, lagos, arroios, matas, campos e dunas são partes das paisagens que constituem o cenário da Restinga de Rio Grande, palco de uma exuberante vida silvestre.
Fernando Marques Quintela
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