Em 1995, terminei uma série de estudos e análises sobre a Teoria das Projeções e, mais especificamente, sobre o modo como o ser humano percebe visualmente o espaço. Publiquei um resumo dessa tese em 2011 sob o nome de Percepção quadridimensional (texto que pode ser facilmente encontrado na internet).
Tratarei agora da Perspectiva quadridimensional que, apesar da semelhança entre os nomes, é algo completamente diferente. Como todos os processos de perspectiva elaborados desde o Renascimento, este também é um método artificial com vantagens e limitações, as quais serão brevemente expostas neste artigo.
O quadríptico Observação no Tempo, pintado em agosto de 1997, foi a primeira pintura que fiz totalmente baseada nos fundamentos da perspectiva quadridimensional (fig. 1).
Usando o mesmo método que indico aos alunos, coloquei a pintura no computador a fim de analisá-la geometricamente. A figura 2 mostra diversos pontos de fuga para um observador que se movimentou lateralmente e, portanto, compôs a imagem a partir de, pelo menos, quatro momentos e locais diferentes de observação (T1, T2, T3 e T4). No esquema geométrico abaixo podem ser vistos oito pontos de fuga.
Na figura 3, parte superior da figura 2, vê-se que o observador ergueu e abaixou a cabeça, mudando a sua altura ao longo do processo. Como exemplo, são mostradas (em vermelho), quatro linhas do horizonte. Ao se mudar a altura do observador, mudase a linha do horizonte e é nela estão situados os pontos de fuga.
É claro que para um desenho feito com instrumentos de precisão, pode-se ter uma única linha do horizonte (fig. 4), embora seja questionável a qualidade expressiva do resultado alcançado, se comparado com o anterior. Para um desenho mais técnico parece-me aceitável uma padronização; para um desenho artístico e, portanto, mais preocupado com a expressão, perder-se-ia a gestualidade que o traçado à mão livre tem a oferecer.
Olhando-se rapidamente para a pintura, não parece que se está diante de um processo de representação muito diferente dos já existentes, por isso algumas comparações serão feitas com outros métodos. A figura 5 mostra uma possível interpretação da mesma cena pelo processo de um ponto de fuga. Nele, vê-se que a paisagem fictícia foi representada de uma forma completamente diferente. A frontalidade dos planos, característica comum dos desenhos feitos com um único ponto de fuga, não combina com a casualidade das construções esboçadas no quadríptico. Isso não significa que o trabalho com um ponto de fuga ficaria ruim. Pretende-se aqui demonstrar a diversidade entre os processos e não a pretensa superioridade de um sobre o outro.
Denis Mandarino
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