Eremita solitário, Frei Giovanni Mã D´Agostini (1801-1909), nascido em Piemonte/Italia, tornou-se um "Eremita de Santo Agostinho", veio para o Brasil no ano de 1844, ter uma vida ascética e exercer o seu ministério evangelizador, na condição de um peregrino eremita (o que não se pode confundir com “andarilho” em seu significado pejorativo), mostrava-se ter um exímio conhecimento do evangelho e de teologia, além de falar diversas línguas, inclusive conhecimento do latim. Dedicava-se a oração e a contemplação da obra divina, viveu no celibato e praticamente na solidão, tendo seus momentos de reclusão social nas montanhas, abrigando-se em cavernas, fendas e até mesmo sob a proteção da “casamata”, como costumava chamar seu refúgio na natureza, pernoitando debaixo das árvores, dizendo que tinha o “céu estrelado” como seu manto; usava estes lugares para descanso, contemplação, meditação e oração. Viveu na maior simplicidade e pobreza, renunciando os bens materiais, usava somente uma vestimenta muito simples, um gorro de pele de jaguatirica, sandálias de tiras e sola de couro, uma sacola de couro, carregava uma Bíblia e um manto com o símbolo do Divino Espirito Santo, um rosário feito de sementes de contas de nossa senhora, um cajado e uma capelinha.
No exercício do seu ministério, optou por dedicar-se as pessoas que viviam no então “desolado” sertão sulista brasileiro, o qual era mais um caminho de tropeiros com mulas, que levavam a produção destas regiões para Sorocaba/SP e dali traziam outros produtos para o Sul; nos povoados sertanejos o Frei Eremita pregava o evangelho, exercendo a catequese, tratava das pessoas enfermas como curandeiro utilizando do seu conhecimento em homeopatia; por sua formação cristã e filosófica, prestava-se como um exemplar conselheiro na solução de conflitos entre os caboclos; puramente por amor ao próximo, nada exigia em troca.
Edelson Hortêncio Alves Júlio
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