A escrita da criança influenciada por suas atividades linguísticas é a proposta de estudo deste trabalho. Nele, será discutida a importância de entender o aspecto fonológico para que a aquisição da escrita não seja vista como erro, mas sim como a representação das palavras da fala da criança e sua necessidade de comunicar-se utilizando palavras e imagens. As chamadas “marcas gráficas” que crianças da educação infantil fazem antes mesmo de aprender a escrever já significam para elas a necessidade de comunicar algo. É importante entender as ideias que as crianças têm sobre a representação com a escrita. À medida que a aquisição escrita evolui, essa associação entre fala e escrita ocorrerá de maneira mais facilitada, pois ela mesma modifica suas ideias para se aproximar do sistema já estabelecido. Isso proporcionará ao aprendiz refletir sobre a língua falada e entender suas relações com a língua escrita. Perceber a influência da fala nesse processo pode fazer com que o professor e também a família tenha condições de compreender a intenção comunicativa da criança ao representar significados através de palavras e como ocorre esse processo de aquisição da escrita.
Palavras Chave: Fala. Escrita. Desenho. Comunicação. Criança.
Normalmente, a vida escolar da criança de ensino fundamental começa aos seis anos de idade, sem falar em sua passagem pelos níveis pré-escolares, a saber, os da educação infantil. É consenso entre os estudiosos da linguagem que a quando vai pra escola a criança tem atividade linguística intensa anterior à sala de aula – pois já fala e entende enunciados de maneira eficiente. Dentre os fatores que contribuíram para a aquisição da linguagem, o mais importante talvez seja o convívio familiar, na observação da fala dos adultos e outras crianças. Através do princípio da “assimilação” a criança ouve seus semelhantes falarem e ela mesma adapta sua linguagem à intenção de comunicar suas necessidades básicas.
Ao iniciar o processo de aquisição da linguagem, a criança constrói frases pouco elaboradas, mas que atendem ao propósito da comunicação. À medida que a capacidade comunicativa evolui, a criança começa internalizar a estrutura da fala, por sua conta e, naturalmente, traça modos de falar, os quais lhe mostram o que pode fazer com a linguagem. Por mais que não tenha um vocabulário extenso, a criança não constrói enunciados sem estrutura, como por exemplo “água beber quer”. Em sua organização linguística elaborada por ela mesma e baseada no que ouviu outros falando, quando necessitar comunicar sede, normalmente dirá “quer beber água”. Observe-se aqui que a criança não precisou, por exemplo, aprender que o verbo “querer” deveria estar conjugado na primeira pessoa do singular do presente do indicativo (quero). Esse não é o foco dela. Seu objetivo é simplesmente comunicar.
Meirydianne Chrystina de Almeida Santos
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