As enormes dimensões do Brasil não são as únicas características que fazem do setor elétrico do País um caso diferenciado. A maior parte da energia é gerada a partir de hidrelétricas, e como a distribuição de águas em pouco se assemelha à distribuição da demanda de cargas da nação, tem-se como cenário um sistema de transmissão incomparavelmente vasto. As grandes distâncias cobertas pelo sistema de transmissão de energia elétrica resultam em incômodas probabilidades de distúrbios. Causas naturais provocam inúmeras avarias nos equipamentos, indesejadas perdas elétricas e térmicas são inevitáveis, interrupções e alterações no suprimento não são raras.
Há não muito tempo essas perdas e inconstâncias não eram tratadas com prioridade nos estudos da área. Algumas causas conhecidas para esse descaso eram a falta de regulamentação no setor e a pouca exigência por parte dos consumidores, porém o maior problema estava nas mãos do Estado. O modelo estatal incapacitava o investimento necessário para inserir as empresas de energia em um cenário apto a suprir as emergentes necessidades de fornecimento energético, o que tornava os riscos de déficit de energia iminentes (GARCIA, 2006).
O fato supracitado desencadeou uma reestruturação do setor, que se tornou um novo mercado. Com a privatização, ganhou-se competitividade; com a criação da ANEEL, políticas regulatórias. Além das mudanças provenientes desses eventos, houve uma redefinição no comportamento do consumidor, cujo nível de exigência subiu consideravelmente com o incremento no uso de cargas especiais. Essas cargas com processamento eletrônico demandam maior qualidade da alimentação e solicitam correntes não-senoidais, prejudicando a rede.
Daniel Araújo Pinto Teixeira
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