Desinteresse, desconcentração e dificuldades em manter a atenção dos discentes são reclamações comuns dos educadores das áreas de ciências naturais. Teorias pedagógicas e textos governamentais de orientação curricular defendem que os conceitos científicos devem ser apresentados a partir da ótica cotidiana do aluno para evitar estes problemas. Outros também defendem uma diminuição das barreiras disciplinares a fins de que o estudante consiga enxergar uma conexão entre o conteúdo científico e o seu dia-a-dia, aumentando o interesse pela disciplina. A partir disso, várias pesquisas educacionais começaram a surgir buscando mais inovação no ensino de química. Algumas atividades propostas defendem o uso de temas que alimentem a curiosidade dos alunos em entender como processos modernos funcionam, pois estes podem formar uma visão mais positivista da química. A nanotecnologia se encaixa perfeitamente nesta proposta, não só por suas vastas aplicações nas mais diversas áreas, mas também por ser uma novidade para a maioria dos estudantes. Em decorrência disso, foi feito um estudo que utilizou a nanotecnologia como tema de cativo em aulas de química para seis turmas de segundo ano do ensino médio. Neste estudo, diferentes metodologias baseadas na combinação de dois métodos teóricos e dois métodos práticos foram estudadas de modo a comparar o seu desempenho de acordo com a concepção de nanotecnologia adquirida pelos alunos e pela aceitação destes pelo tema. Percebeu-se que metodologias que levam à transgressão de barreiras educacionais ocasionadas pela forte disciplinaridade do ensino básico estimulam o desenvolvimento de um raciocínio mais fundamentado e voltado à aplicações cotidianas, além de tornarem o estudante mais interessado no tópico e passar-lhe a sensação de conexão do conteúdo em sala de aula com seu dia-a-dia. Percebeu-se, também, que o ato de realizar questionamentos interpretativos e investigativos durante os procedimentos experimentais em aulas laboratoriais, ao invés de realiza-los apenas após o término das práticas, auxilia na interpretação dos fenômenos ocorridos durante o experimento, desde que a atividade experimental seja precedida de aulas teóricas que demonstrem maior aplicabilidade de conteúdos e atraiam o interesse dos estudantes.
Rafael Andrade Sampaio
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