No século XIX, entretanto, houve uma mudança significativa, a qual pode ser identificada na arte de expoentes do movimento impressionista, como: Renoir, Degas e Manet, artistas que se sentiram estimulados a utilizar referências fotográficas em muitas de suas obras. Foi a primeira vez na História da Arte que se viram braços, pernas, cabeças e outras partes do corpo, ser cortadas em um enquadramento (fig. 2). A vanguarda tecnológica, trazida pela máquina fotográfica, foi um dos motivos inspiradores da captação do momento e da consequente geração de algumas cenas, que, propositalmente, não tinham o rigor compositivo de escolas ancestrais.
Depois da reverência à nova técnica, a qual deu origem ao cinema, a pintura moderna da primeira metade do século XX cada vez mais deixou de lado a sua função descritiva e passou a ter outros interesses e preocupações. O estudo aprofundado da composição visual influenciou a criação de peças não figurativas, nomeadas na época de abstratas (fig. 3), mas que de fato se utilizavam dos elementos concretos da linguagem visual: a linha, a configuração (forma) e a cor.
No período contemporâneo, esboçado nos anos cinquenta e identificado por diversos teóricos a partir da década de 1960, são destacáveis características como: a) experimentação de novos materiais; b) fusão de objetos tridimensionais na tela plana; c) crítica ao consumo; d) culto, por vezes efêmero, de ícones midiáticos 1 (fig. 4); e) experiências com drogas para alteração de estados de consciência; f) oposição à guerra; g) combate à discriminação em suas variadas formas; h) revolução digital; i) globalização; j) consciência ecológica; k) preocupação com a sustentabilidade; l) virtualidade; m) hipertextualidade; n) hipermídia; o) cibercultura; p) extrapolação física do espaço dos museus, entre inúmeras outras, que serão mais bem observadas na perspectiva que a história há de criar.
Denis Mandarino
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