uma nova abordagem para arquitetura brasileira
Carlos A. C. Lemos
Resumo
Segundo Lemos, no processo cultural brasileiro aconteceram situações singulares que definiram e qualificaram a arquitetura nacional desde os tempos de Colônia até hoje. Deste modo, temos que identificá-las e acompanhar suas existências no vasto Brasil.
LEMOS, Carlos A. C.. Uma nova proposta de abordagem da história da arquitetura brasileira. Arquitextos, São Paulo,
12.141, Vitruvius, feb 2012 .
Vista da Igreja de Santa Cruz dos Militares, Rio de Janeiro RJ. Aquarela de Richard Bates, século 19 [Wikimedia Commons]
Ruínas do forno circular da Caieira dos Jesuítas, Cubatão SP
Foto Victor Hugo Mori
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Parede de taipa de pilão …exibir mais conteúdo…
Muxarabi e treliçados, Diamantina MG
Foto Victor Hugo Mori
Fazenda Pau d’Alho, São José do Barreiro SP; a meio caminho entre o Rio de Janeiro e São Paulo, abrigou D. Pedro na viagem da Independência
Foto Victor Hugo Mori
Nas fazendas, a presença da mão-de-obra negra escrava foi fundamental para dar continuidade ao fracionamento do programa em várias construções satélites no quintal da morada principal desde os primeiros dias. Pelos motivos do clima, do regime de trabalho, pelo cardápio e pela guarida aos de fora, o programa de necessidades da casa roceira, de início, determinava, outrossim, a mencionada zona de contato entre o público e o privado
(hóspede / capela) separada radicalmente do citado quintal, isto é, das mulheres, mucamas e das crianças. Mulheres reclusas, inclusive nas cidades, liberadas de sair à rua só com destino às missas, sempre embuçadas por compridos xales arrodeando toda a cabeça como no mundo muçulmano do Algarve e Andaluzia. Mulheres que espionavam as visitas pelas frestas das portas. O mundo das mulheres era o quintal murado de taipa ou cercado por grossos paus fincados no chão; o mundo confinado das construções satélites; do moinho; do monjolo; do telheiro do fabrico de farinha; do rancho do fogão para derreter o toicinho; para fazer o sabão de cinzas e de desidratar o caldo da cana até transformá-lo em melado e, depois, em rapadura. Quintal das “árvores de espinho”