Sexualidade medieval: O lugar da mulher e do corpo na Idade Média
Na Antiguidade Tardia e também durante a Idade Média, muitos teólogos cristãos repensaram os escritos filosóficos antigos para definir os parâmetros comportamentais cristãos que regularam a sexualidade na sociedade cristã medieval. Formou-se uma sociedade na qual a sexualidade era restrita a reprodução e na qual o prazer era reprimido, com forte misoginia, que desprezou o corpo em detrimento do espírito.
O lugar da mulher
No medievo, era comum pensar na mulher como um ser fraco, que precisa da ajuda e do apoio masculinos, e, por conseguinte, ser necessariamente subjugada pelo homem, pelo caráter naturalmente perverso atribuído à mulher (DUBY, 1989). Esse caráter …exibir mais conteúdo…

A essas mulheres a Igreja propunha o modelo celibatário, onde a virgindade estava no topo do modelo de perfeição feminina criado pelo cristianismo. Os obstáculos à sexualidade feminina, dessa forma, eram erguidos pelos próprios clérigos moralistas “por tantos padres obcecados pelo medo da feminilidade” (DUBY, 1989).
Santo Isidoro de Sevilha, interpretou que a palavra feminina (mulher) possa ser proveniente da palavra fos em grego, que significa força que queima, por causa do maior desejo sexual atribuído ao sexo feminino. (FONSECA, 2009). A natureza feminina é perversa para a sociedade medieval, com a sexualização do pecado original, acredita-se que o pecado entrou no mundo por meio da mulher e sua sexualidade. O sexo feminino é considerado algo que devora, insaciável, os cavaleiros da Idade Média pensam estar rodeados de Evas idiotas, corrompidas e corruptoras. Vê-se a mulher como um mistério, que detém o poder de manipular o malefício, a poção e o veneno.
Entre a mulher e o corpo
Convencionou-se pensar o feminino e o masculino através dessa dicotomia entre o corpóreo e o espiritual, alocando a mulher uma representação de ser orientada pela libido, pelo passional, com uma conduta determinada pelos impulsos de seu corpo. Visto isso, o matrimônio (enquanto relação de poder) e a maternidade eram uma forma de tornar a sexualidade uma ferramenta de controle da feminilidade, sendo que a punição