Resumo - Discurso sobre a origem e a desigualdade entre os homens, Rousseau
Jean-Jacques Rousseau concebe, na espécie humana, duas espécies de desigualdade: a desigualdade natural ou física, que é a estabelecida pela natureza e que consiste em características naturais da pessoa; a outra é a desigualdade moral ou política, a qual depende de uma convenção e é estabelecida ou autorizada pelo consentimento dos homens. Seu discurso trata de marcar o momento em que, sucedendo o direito à violência, a natureza foi submetida à lei. Sendo assim, a desigualdade natural não é o foco do discurso de Rousseau, porque a submissão de um homem ao outro não é de origem natural. O objeto de estudos é a desigualdade moral ou …exibir mais conteúdo…
Os homens não possuíam ainda nenhuma lei ou líder, o juiz era a sua própria consciência. Devido a isto, cada um age de acordo com seus próprios interesses, o que tornou os homens sanguinários e cruéis. Mas Rousseau aproveita para ressaltar que tal estado cruel não é natural do homem. É preciso notar que com o começo da formação da sociedade e as relações entre os homens já estabelecidas, fazem com que novas qualidades sejam necessárias, diferentes daquelas encontradas na sua constituição primitiva; cada um, antes das leis, sendo o único juiz e vingador das ofensas recebidas, faz com que a bondade do seu puro estado de natureza não tenha mais utilidade nessa nova sociedade. Desde o instante que um homem precisou da ajuda do outro, desde que perceberam que ter mantimentos para dois era útil a um só, a igualdade desapareceu e a propriedade se introduziu, o trabalho tornou-se necessário e as vastas florestas precisaram ser regadas com o suor dos homens, onde em breve, se viram germinar a escravidão e a miséria. A metalurgia e a agricultura foram duas artes cuja invenção produziu essa grande revolução, quem dominava a metalurgia precisava de alimentos, e quem praticava a agricultura precisava da metalurgia que desenvolvia os instrumentos necessários. Nasceu assim, de um lado, a lavoura e a agricultura, e, de outro, a arte de trabalhar os metais e de multiplicar-lhes os usos. Nesse estado, as coisas