Nos capítulos da terceira parte do livro “Por Uma Geografia do Poder”, “Território e poder”,
Claude Raffestin trabalha termos triviais e/ou paradigmas fundamentais da geografia e da geopolítica, procurando catalogá-los, defini-los e decompô-los numa perspectiva que traduza a natureza humana e que possa convergir ao desfecho almejado, o poder.
Em “O que é território?”, primeiro capítulo da parte três, Raffestin esclarece as ambiguidades entre território e espaço, apontando às diversas formas que o primeiro pode se converter, sejam nas formas de estratagemas, estrutura ou produto. Para exemplificá-las, recorre a fundamentos da matemática, da psicologia e da antropologia.
Mesmo que não esteja explícito, ele se apega sistematicamente a Teoria dos Conjuntos1, adaptando o capítulo para um linguajar mais matemático. Os termos utilizados – espaço, território, tessitura, nós e redes e territorialidade – vão se tornando cada vez menos abrangentes, ainda que estejam contidos, em cadeia, ao conjunto anterior. Dessa forma, a territorialidade pode ser entendida como um subconjunto da tessitura-nós-redes, que é um subconjunto do território, um subconjunto do espaço, o conjunto inicial e onipresente.
Enquanto o território é determinado como um subconjunto do espaço, haja vista sua formação depender da existência do outro, e seja marcado pelas relações de poder e pelo modo de produção, o espaço é definido como algo intrínseco e intangível – a “prisão original” do homem.