Resenha crítica: “a verdade e as formas jurídicas”
Resenha Crítica: “A verdade e as formas jurídicas”
Maria Salomé S. Dallan* O livro ora resenhado é composto por uma série de cinco conferências que ocorreram na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro entre 21 e 25 de maio de 1973. Elas se encerram com uma mesa-redonda em que o filósofo Michel Foucault foi arguido por nove estudiosos de diversas áreas acerca das teorias desenvolvidas durante as conferências. Michel Foucault (1926-1984) é um dos filósofos mais importantes do século XX, e sua obra rompe totalmente com a ideia de sociedade subordinada ao poder econômico, estatal ou ideológico. Ele apresenta um estudo histórico que desvenda as relações de poder/saber que perpassam as relações …exibir mais conteúdo…
Com a seguinte citação de Foucault, inicio a resenha propriamente dita: Há um combate “pela verdade” ou, ao menos, “em torno da verdade” – entendendo-se, mais uma vez, que por verdade não quero dizer “o
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conjunto das coisas verdadeiras a descobrir ou a fazer aceitar”, mas o “conjunto das regras segundo as quais se distingue o verdadeiro do falso e se atribui ao verdadeiro efeitos específicos de poder”; entendendo-se também que não se trata de um combate “em favor” da verdade, mas em torno do estatuto da verdade e do papel econômico-político que ela desempenha. (FOUCAULT, 1979, p. 13) Na Conferência I, Foucault expõe a pesquisa cujo título “A Verdade e as Formas Jurídicas” é o ponto de convergência de outras realizadas por ele. Esclarece que é uma pesquisa histórica, visando definir como as práticas sociais engendram domínios de saber “que não somente fazem aparecer novos objetos, novos conceitos, novas técnicas, mas também fazem nascer formas totalmente novas de sujeitos e de sujeitos de conhecimento” (p. 8), no século XIX. Como segundo eixo metodológico, o autor traz a análise do discurso para delimitar os “jogos estratégicos, de ação e reação, de pergunta e de resposta, de dominação e de esquiva, como também de luta” (p. 9), os fatos de discurso. Em um terceiro eixo da pesquisa, eixo de convergência, é apresentada uma reelaboração da teoria do sujeito,