F, quatorze anos, dezessete furtos, se apresenta como um exemplo da triste história e mais uma das milhares de crianças e adolescentes infratores que a justiça brasileira tem que lidar, ou melhor, surgem como um problema que o sistema judiciário não consegue resolver pela simples falta de estrutura encontrada e pela ausência dos poderes públicos, das famílias e de toda a sociedade.
A letra da música de Chico Buarque intitulada “O Meu Guri” é a conseqüência direta da problemática apresentada na reportagem do Estadão, onde a falta dos poderes públicos abre caminho para que o poder paralelo se instale e, geralmente, o final da grande maioria dos jovens é sempre de forma trágica. O Judiciário, por sua vez e pela própria atribuição que lhe é dada, aparece somente como punitivo aos pequenos infratores, o que não ajuda muito na recuperação destes. Posto isto, não é de se espantar que a letra da canção já apontasse o problema desde o início dos anos 80 do século passado.
Por sua vez, a falta também de pessoas capazes de coragem e competência contribui para o agravamento da situação em que os jovens são submetidos. Recursos escassos, pequeno número de servidores públicos da justiça, de magistrados para julgar “pilhas” de processos são um dos problemas apontados por quem trabalha diariamente com essa parte da Justiça. Pelos índices mostrados na reportagem, apesar da taxa de 5% a 6% dos adolescentes infratores são considerados crônicos, ou seja, sem demonstrar mudança de