A DOMINAÇÃO NÃO LEGÍTIMA E A DEMOCRACIA: O LONGO
PERCURSO DE MAX WEBER PELA HISTÓRIA DAS CIDADES

WEBER, Max. Conceito e categorias de cidade. In: VELHO, Gilberto (org.). O fenômeno urbano. Rio de Janeiro: Zahar, 1973, pp 73-96.

Max Weber foi uma figura curiosa e contraditória.

Um “inglẽs” entre alemães, por seu compromisso com a democracia liberal em meio a uma monarquia que mal disfarçava seus pendores autoritários por trás de um parlamento não raro impotente. Um burguês assumido que defendeu seus orientandos socialistas Robert
Michels, Ernst Toller e Gyorgy Lukács de perseguições políticas. Depressivo clinicamente diagnosticado, várias vezes internado, que conseguiu reunir em sua casa em Heidelberg três gerações de intelectuais alemães para encontros informais e deleite dos pequenos prazeres da vida. Um nacionalista confesso atormentado pela situação política do país, cujas viagens constantes, justificadas como fuga às suas constantes crises nervosas, como que expressavam um desejo oculto de virar as costas à Alemanha que tanto amava. Um homem profundamente envolvido com a política alemã, apesar de nunca ter sido filiado a qualquer partido político antes de, ao fim da vida, fundar com outros intelectuais o Deutsche Demokratische Partei
(DDP – Partido Democrático Alemão), canto híbrido de galo e de cisne do liberalismo alemão a poucos anos da ascensão nazista. Um teórico que pretendia certo grau de neutralidade, embora traísse na escolha de seus