REFLEXÕES SOBRE ETNOCENTRISMO. Análise do conto de Clarice Lispector: “A menor mulher do mundo”
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REFLEXÕES SOBRE ETNOCENTRISMOAnálise do conto de Clarice Lispector:
“A menor mulher do mundo”
Conforme nos foi apresentado nesta disciplina, etnocentrismo é uma forma de ver, perceber e pensar o mundo, tendo como perspectiva os valores próprios de sua cultura. Segundo ROCHA (1993, p. 7), “etnocentrismo é uma visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência.” Assim, o etnocentrismo julga os outros povos e culturas pelos padrões da própria sociedade.
Isso fica evidenciado no conto “A menor mulher do mundo” de Clarice Lispector, sugerido pela docente como instrumento de análise do tema …exibir mais conteúdo…
Em nossa sociedade, isso está caracterizado pela ideologia de uma supremacia das culturas européia e norte-americana sobre as demais.
Se por um lado, o explorador, desqualifica e inferioriza a forma de sociedade do outro, paradoxalmente por outro, ele o faz por percebê-lo como uma ameaça a sua própria sociedade. Percebemos isso no trecho: “(...) não fosse o perigo da África, seria povo alastrado”. Se trouxermos para nossa realidade, tal preocupação dos dominadores em relação aos dominados pode ser observada historicamente, tendo como exemplo o holocausto e o extermínio das populações indígenas nas Américas.
Segundo ROCHA (1993, p. 7), pensar o conceito de etnocentrismo é, pois, “indagar sobre um fenômeno onde se misturam tanto elementos intelectuais e racionais quanto elementos emocionais e efetivos”. Tal consideração do autor nos remete à análise dos sentimentos e reações manifestos pelas pessoas ao tomarem contato com a imagem e a informação da existência da “Pequena Flor” no conto de Lispector. Nele, a autora traz com clareza o fato de que um mesmo fenômeno pode mobilizar diferentes sentimentos em um mesmo indivíduo, bem como, pode desencadear sentimentos distintos para diferentes indivíduos. Assim, para o jornal a “Pequena Flor” foi descrita como de “nariz chato, a cara preta, os olhos fundos, os pés espalmados, parecia um cachorro”. Uma leitora recusou-se a olhar alegando “aflição” e outra, teve “ternura” e “passou o dia perturbada” por isso. A menina,