O quarto fechado, de lya luft
Terry Eagleton (1997), p.5) afirma que a especificidade da linguagem literária, aquilo que a distingue de outras, é o fato de ela “deformar” a linguagem comum de várias maneiras. Sob a pressão dos artifícios literários, a linguagem comum é intensificada e se torna estranha, e transforma o mundo cotidiano. O romance O Quarto Fechado, de Lya Luft, é exemplo desse estranhamento. A linguagem enigmática da autora metaforiza a morte dos personagens, uma vez que encena embates dos impulsos de vida, Eros, e de morte, Tânatos, deixando à mostra as feridas feitas pelas escolhas na vida. O próprio título da obra já é carregado de simbologia de ruptura, isolamento, morte. A partir disso, cada personagem pode ser identificado como um quarto fechado na casa.
No velório do filho, diante de um caixão, símbolo de limite e, ao mesmo tempo, de colo daquela mãe que abraça pela última vez, Renata busca o fio perdido de sua existência pata tentar compreender a morte do filho. Sente novamente a dor da perda ( já tinha vivido a morte do filho Rafael ainda pequeno) e deixa cair a máscara de mulher “inabordável”, “de outro mundo” (p. 37). Sentia-se com o a ilha do quadro pendurado no patamar da escada: fechada, sem vida. A visão e o contato com o filho morto quebram o gelo da artista inatingível e Renata entrega-se ao remorso de não ter conseguido se realizar como mãe e esposa, como as outras mulheres. Apenas o piano dava-lhe prazer. Diante de Camilo abraçado à