Luto e melancolia (freud, 1917)

3857 palavras 16 páginas
LUTO E MELANCOLIA (FREUD, 1917)

A correlação entre melancolia e luto parece ser justificada pelo quadro geral dessas duas condições. As causas ambientais são as mesmas para as duas condições, o luto, de modo geral, é a reação a perda de um ente querido, a perda de alguma abstração que ocupou o lugar de um ente querido, como o país, a liberdade, ou o ideal de alguém, e assim por diante.
E as mesmas circunstâncias produzem a melancolia em vez do luto, suspeitamos de que essas pessoa possuem uma disposição patológica, embora o luto promova um afastamento daquilo que constitui uma atitude normal para a vida confiamos que seja superada após um lapso de tempo, julgamos ser inútil ou mesmo prejudicial qualquer interferência em relação a ele.
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Com efeito, não pode haver duvidas que todo aquele que sustenta e comunica a outros uma opinião de si mesmo como esta, está doente, quer fale a verdade, quer se mostre mais ou menos injusto consigo mesmo.
O ponto essencial, portanto não consiste em saber se a auto-difamação aflitiva do melancólico é correta de acordo com a opinião de outras pessoas, é importante saber se ele está apresentando uma discrição correta de sua situação psicológica, ele perdeu seu amor-próprio e deve ter tido boa razão para tanto. Então nos deparamos com uma contradição que nos coloca um problema. A analogia com o luto nos levou a concluir que ele sofrera uma perda relativa a um objecto; o que o paciente nos diz aponta para uma perda relativa a seu ego.
Detenhamo-nos um pouco no conceito que a perturbação do melancólico oferece a respeito da constituição do ego humano. Vemos como nele uma parte do ego se coloca contra a outra, julga-a criticamente, e, por assim dizer, toma-a como seu objecto. Nossa desconfiança é de que um agente crítico, que aqui se separa do ego, talvez também revele sua independência em outras circunstâncias e realmente encontramos fundamentos para distinguir esse agente do restante do ego. Aqui estamo-nos familiarizando

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