Historia Social da criança e da família
Referência utilizada: ARIES, Phillippe, História Social da Criança e da Família, 2ª Ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000.
1. O Sentimento da Infância
Na idade média o primeiro nome era considerado uma designação imprecisa, e foi necessário completa-lo com um sobre nome de família, muitas vezes um nome de lugar. O nome pertence ao mundo da fantasia, enquanto o sobrenome pertence ao mundo da tradição. A idade, quantidade legalmente mensurável com uma precisão quase de horas, é produto de outro mundo, o da exatidão e do número.
Hoje, nossos hábitos de identidade civil estão ligados ao mesmo tempo a esses três mundos.
As idades da vida ocupam um lugar importante da Idade Média. Seus autores empregam uma terminologia que nos parece puramente verbal: infância e puerilidade, juventude e adolescência, velhice e senilidade – cada uma dessas palavras designando um período diferente da vida. Desde então, adotamos algumas dessas palavras para designar noções abstratas como puerilidade ou senilidade, mas estes sentidos não estavam contidos nas primeiras acepções. Hoje em dia não temos mais ideia da importância da noção de idade nas antigas representações do mundo. A idade do homem era uma categoria cientifica da mesma ordem que o peso ou a velocidade o são para nossos contemporâneos. Pertencia às especulações dramáticas do Império Bizantino, ao século VI. A longa duração da infância, tal qual aparecia na língua comum, provinha da indiferença que