HABITERE E HABITUS
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HABITERE E HABITUSUm ensaio sobre a dimensão ontológica do ato de habitar
O arquiteto americano Louis Khan, em um conhecido texto, afirmou: "Na natureza do espaço estão o espírito e a vontade de existir de uma certa maneira" (2). Nesta pequena frase ecoam inúmeras determinações concernentes à natureza da arquitetura, ao seu destino e às suas inúmeras vicissitudes. Inicialmente, forja-se uma definição bastante usual: a arquitetura comoespaço, como um artefato humano cuja função reside no preenchimento do seu interior, o qual se conforma como um oco, um vazio — e é este espaço interior que o homem habita ao preenchê-lo. É neste sentido que, diante de uma casa desabitada, afirma-se que ela está vazia. A forma está lá, à espera de que se cumpra a sua função.
E, ainda refletindo a frase do arquiteto americano, poder-se-ia afirmar que este espaço guarda as suas particularidades, uma certa anterioridade a toda ocupação, pois ele "quer existir de uma certa maneira". Pode-se perceber que há, "na maneira pela qual o espaço quer existir", um caráter de necessidade, isto é, ele deve, imperiosamente, ser daquela maneira e não de outra (3). E esta vontade somente pode se realizar na medida em que estaanterioridade é atualizada, isto é, na medida em que o espaço é habitado — ora, o que vai tornar diferente o espaço de uma sala de concerto do espaço de um laboratório é o seu uso, a sua função: salas com dimensões, configurações, texturas e superfícies diferentes, e necessariamente