Formação do povo brasileiro
O objetivo desta monografia é apresentar, sob a perspectiva de diversos autores ligados aos estudos históricos e sociológicos brasileiros, as relações paternalistas que se desenvolveram ao longo do período colonial de nosso país, bem como costumes da época tratada. Tendo como base a importante obra de Sérgio Buarque de Holanda, Raízes do Brasil, que introduz o conceito de homem cordial como um dos elementos da sociedade colonial, também faremos incursões pelo legado de Gilberto Freyre, Raymundo Faoro, entre outros autores. O estudo dessas relações é importante não só para uma melhor compreensão do que foi a vida na colônia, mas para perceber a persistência de muitas de suas características na atual sociedade brasileira. …exibir mais conteúdo…
Há, nessa ótica (que parece a mais correta) a separação rígida entre senhores e escravos, que implicava em regras de conduta e respeito, sob pena de castigo. Deve-se lembrar: o negro é propriedade de seu senhor, e este faz o que quiser dele. Caio Prado Júnior, em Formação do Brasil Contemporâneo, considera que, da organização social que o colono importa de Portugal, não foi possível reproduzir na colônia a unidade familiar. Segundo ele, o português vinha para o Brasil em sua maioria sozinho, deixando sua família na terra natal ou trazendo-a aos poucos. Portanto, afrouxam-se em sua pessoa os valores e regras familiares, e com essa conseqüente falta de mulheres brancas na colônia ele satisfaz seus impulsos sexuais com as escravas. Mesmo nos casos em que o colono vive com sua família em terras brasileiras, os atos sexuais fora do casamento não diminuem: “(...) o novo colono, mesmo estabilizado, acabará preferindo a facilidade submissa de raças dominadas que encontra aqui, às restrições que a família lhe trará.(...) já estará habituado a tal vida que o freio da mulher e dos filhos não atuará nele senão muito pouco” (PRADO JR., 1971, Pag.351). O princípio de organização familiar, que os Wehling afirmam ter sido importado para a colônia e aqui alterado, não se concretiza; Caio Prado Júnior considera o Brasil Colonial como um lugar onde “falta base sólida em que assentar a constituição da família” (PRADO JR, 1971, Pag 351).. Em