Fichamento de para além do pensamento abissal
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(SANTOS, Boaventura de Sousa, Para além do pensamento abissal, novos rumos, novembro 2007) Das linhas locais a uma ecologia dos saberes[...] “As distinções invisíveis são estabelecidas por meio de linhas radicais que dividem a realidade social em dois universos distintos: o “deste lado da linha” e o “do outro lado da linha”[...]Tudo aquilo que é produzido como inexistente é excluído de forma radical porque permanece exterior ao universo que a própria concepção de inclusão considera como o “outro”[...] para alem da linha há apenas inexistência, invisibilidade e ausência não-dialética.”
(p. 71)
“Essas tensões entre a ciência, de um lado, e a filosofia e a teologia, de outro, vieram a se tornar altamente visíveis, mas todas elas, como todas elas, têm lugar deste lado da linha. Sua visibilidade assenta na invisibilidade de formas de conhecimento que não se encaixam [...] Refiro-me aos conhecimentos populares, leigos, plebeus, camponeses ou indígenas [...] conhecimentos tornados incomensuráveis e incompreensíveis por não obedecerem nem aos critérios científicos de verdade nem aos critérios dos conhecimentos reconhecidos como alternativos, da filosofia e da teologia.”
(p.72-73)
[...] “O outro lado da linha compreende uma vasta gama de experiências desperdiçadas, tornadas, invisíveis, assim como seus autores” [...]
(p.73)
“A primeira linha global moderna foi provavelmente a do tratado de Tordesilhas entre Portugal e Espanha (1494), mas as verdadeiras linhas abissais