Estilo e linguagem de saramago
Memorial do Convento é uma obra marcada por uma narrativa de ritmo caudaloso, fluente, ritmado por frases longas, onde são utilizados ditados populares e expressões que revelam uma sabedoria adquirida na vida quotidiana. As marcas de oralidade são, igualmente, utilizadas ao longo de toda a obra. Saramago possui um estilo muito próprio, dialogal e inconfundível, onde as regras do discurso são aparentemente transgredidas: utiliza parágrafos com aproximadamente uma página, com textos contínuos com diálogos neles inseridos, sem recorrer à utilização da pontuação normalmente utilizada: os dois pontos, o travessão ou as aspas. A estruturação deixa de ser organizada, mas existem no texto linguagens que não correspondem ao estilo discursivo habitualmente utilizado. “De facto, José Saramago parece ter revertido ou radicado o processo de escrita ao modo próprio da fala. Enquanto o discurso escrito obedece a um conjunto de preceitos linguísticos segundo a normatividade da língua, o discurso oral permite a libertação deste modelo, deixando soltar a linguagem em improvisos sintácticos, morfológicos, semânticos e até fonéticos, que exprimem a vivacidade, a novidade e a originalidade da língua” (in REAL, Miguel. Narração, Maravilhoso, Trágico e Sagrado em Memorial do Convento de José Saramago. Caminho, Lisboa: Janeiro de 1996)
Exemplificando, a descrição de elementos espaciais ou de comportamentos e atitudes das personagens mostra uma transgressão das