Esquecimento e memória em heidegger
Introdução
Esse texto é uma tentativa de compreender Heidegger, seu repertório e seu modo de pensar o “SER” a partir da leitura de sua obra Ser e Tempo. Esta obra é parte constitutiva de um projeto maior, está imerso num contexto mais amplo e convoca o leitor para o conhecimento de suas questões mais relevantes. Por razões que limitam o entendimento do sistema heideggeriano em sua amplitude, desenvolveremos uma análise destacando como o fio condutor das nossas inquietações o que o autor designa por “esquecimento do Ser”.
Por que este é o fio de Ariadne do nosso trabalho? Porque é sobre ele que Heidegger tecerá sua crítica contra a tradição filosófica e tentará resgatar o seu sentido mais …exibir mais conteúdo…
De fato, a realidade de um objeto não pode garantir a sua veracidade. Heidegger cita em A Essência da Verdade o exemplo do ouro. O ouro autêntico é aquele que consideramos como verdadeiro; no entanto o ouro falso, embora não seja autêntico, é real. A autenticidade do objeto é que garante sua verdade neste caso. Segundo esta explicação, a verdade “habita” no objeto. Mas poderíamos considerar ainda como verdade as enunciações sobre o objeto. Elas serão verdadeiras quando o que expressa está em conformidade com o objeto sobre o qual se pronuncia. Neste caso, porém, a verdade está no juízo e não no objeto. Em ambos os casos, temos uma definição tradicional da essência da verdade. Por um lado, verdade é adequação da coisa com o conhecimento; por outro, é a adequação do conhecimento com a coisa. Heidegger considera que a verdade tem um caráter contrário e que há a não-verdade. Nos dois casos apontados acima a não-verdade fica excluída da essência da verdade, pois é pensada como seu oposto e não como parte constitutiva da sua essência. Enfim, há algo que faz parte da pura essência da verdade, mas que é negligenciada, velada, encoberta pela tradição filosófica, que é a não-verdade.
Como podemos compreender a relação que existe entre a enunciação sobre o ser e o ente? Este acordo deve ser entendido como adequação. Adequação não significa igualar-se à coisa, mas deixar ser o que ela é. O ser se relaciona com o ente