"Cais": uma análise ancorada na Semiótica da Canção
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"Cais": uma análise ancorada na Semiótica da CançãoKristoff Silva1
kristoffsilva@gmail.com
Resumo: A principal intenção do presente artigo é aplicar o modelo de análise proposto por Luiz Tatit em sua Semiótica da Canção a um objeto pouco presente em suas publicações: canções do Clube da Esquina. Reconhecida por sua riqueza musical, a produção do grupo de artistas que integram o “Clube” poucas vezes recebe um tratamento analítico voltado para a compatibilização de seus recursos musicais e linguísticos. Como de fato a teoria de Tatit dá especial ênfase à relação melodia e letra, o presente artigo investiga os aspectos dessa relação no interior da canção “Cais”, de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos.
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Enquanto fartamente (dentro do já restrito campo de investimentos acadêmicos voltados para a canção popular) são encontrados muitos estudos sobre a obra de Chico Buarque, Caetano Veloso, Vinícius de Moraes, Tom Jobim e, mais recentemente Elomar (dentre outros), sobre o Clube da Esquina os artigos e reflexões não passam de exceções. E mesmo assim, há que se considerar que a maior parte desses estudos debruça-se sobre a letra, sendo realmente raros aqueles dedicados à componente musical das canções. Análises da compatibilidade entre as duas componentes, letra e música, foram significativamente impulsionadas a partir do surgimento da Semiótica da Canção que, como toda Semiótica, recebe de cada novo objeto de pesquisa contribuições diretas ao seu desenvolvimento. Se, segundo Tatit a canção é um território privilegiado para os aprimoramentos dessa teoria, consideramos a pouca visitação ao universo das canções produzidas pelo Clube da Esquina antes de tudo um estímulo a nossas investidas, às quais nos lançamos por meio de uma das mais belas peças, “Cais”, de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos.
Observações sobre a letra
Cais
Milton Nascimento e Ronaldo Bastos
Para quem quer se soltar invento o cais
Invento mais que a solidão me dá
Invento lua nova a clarear
Invento o amor e sei a dor de encontrar
Eu queria ser feliz
Invento o mar
Invento em mim o sonhador
Para quem quer me seguir eu quero mais
Tenho o