INTRODUÇÃO

Por que ler, hoje, poesia do século XIX?

A literatura é um veículo de informação que em todas as épocas, retrata pontos de vistas e críticas que podem servir até de documentos, dependendo de quem a fez e em qual situação. E também para o conhecimento, o que os autores das obras pensavam viam e sentiam.

A mulher- Fagundes Varela
A mulher sem amor é como o inverno
Como a luz das antélias no deserto
Como o espinheiro de isoladas fragas
Como das ondas o caminho incerto

A mulher sem amor é Mancenilha
Das ermas plagas sobre o chão crescida
Basta-lhe à sombra repousar um'hora
Que seu veneno nos corrompe a vida

De eivado seio no profundo abismo
Paixões repousam num sudário eterno
Não há canto nem flor, - não há …exibir mais conteúdo…

Acrescente-se a isso uma personalidade forte, que rompeu vários tabus de sua época, uma figura que, além de bonita, era carismática e marcante. Um jovem idealista, uma voz que contagiava as massas e lotava as praças.Esse notável e jovem poeta é conhecido mundialmente como o "Poeta dos Escravos".

• É o primeiro poeta a apresentar temática social em suas produções.

O Romantismo retrata o Brasil de maneira idealizada: nosso índio é herói, nossas terras têm palmeiras e sabiás etc. Castro Alves, principal representante da terceira geração romântica, diferencia-se de seus antecessores por apresentar uma visão mais ampla de seu papel como poeta: não se restringe à explosão de sentimentos líricos egocêntricos, o chamado culto do "eu", mas lança-se a novos temas bem mais abrangentes, como os ideais republicanos, o abolicionismo, a luta de classes, a igualdade de direitos, enfim, as questões sociais de seu tempo. Daí ser classificado como poeta social, libertário, condoreiro, de onde deriva a denominação de "Poeta dos Escravos".

• É o primeiro a apresentar uma visão erótica da mulher em nossa poesia.

Diferentemente das figuras idealizadas que só faziam sofrer seus admiradores, o poeta nos apresenta uma mulher de carne e osso, sensual, com certa carga de erotismo. Ou seja, sua poesia lírica, tanto quanto a social, representa uma evolução se comparada à de seus antecessores. A figura feminina, antes abstrata e idealizada, passa a