NATAL NA BARCA: A VOZ DA MULHER NO TEXTO DE LYGIA FAGUNDES TELLES. 1
Nayara Peixoto Pires 2
RESUMO : Este trabalho aborda a análise do conto Natal na Barca, de Lygia Fagundes Telles; além de fazer um apanhado de considerações de sua biografia, características estéticas e estilísticas gerais e fortuna crítica da autora. O presente estudo, tem como objetivo compreender as estratégias literárias utilizadas pela autora, para transgredir as formalidades tradicionalistas da época, através de trechos de sua obra e comentários dirigidos a eles.
PALAVRAS- CHAVE : Natal na Barca, conto, análise, Lygia Fagundes Telles .

I. Lygia Fagundes Telles e suas heranças ideológicas.

Paulista, filha de um promotor público e uma …exibir mais conteúdo…

“ No fim, para não me aporrinhar mais, ele abafava os gritos na lona, mas juro que seria melhor que abrisse a boca no mundo, aquela coisa de sufocar os gritos já estava me endoidando.
Pomba, não desejo ao inimigo aquele quarto de hora. “4

Lygia exibia sua essência transgressora na forma como os seus personagens se comportavam em meio a um contexto político de censura e marginalização do ser humano, ela se preocupava principalmente em retratar a figura da mulher e seus anseios e receios sobre as dificuldades e segregações causadas pela ditadura. O retrato feminino escapava àqueles de moças frágeis e inseguras, sua representação era verdadeira e mostrava a força, a impureza, as inseguranças e os desejos.

“Acendo um cigarro.
Que me importa dormir no meio dos bêbados, das putas, o cigarro aceso no meu peito, dói sim, mas se soubesse que você está livre, dormindo na estrada ou debaixo da ponte. Mas livre.”5

II. Sobre Lygia Fagundes Telles

Lygia foi alvo de muitas análises críticas, conseguindo na maioria dos casos avaliações positivas e muitos elogios. Alguns estudiosos da área a analisavam considerando suas características estéticas e ideológicas, o que nos faz compreender melhor suas particularidades semânticas e imagéticas.

“ Escritora de tensão interiorizada, com prosa de tendência introspectiva, sendo na evocação de cenas e estados de alma da infância e da adolescência.
BOSI (1982)

“ Nos textos lygianos, há