Análise da obra as aventuras de ngunga
Pepetela: "A resistência pela palavra."
Em 29 de outubro de 1941, Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos (Pepetela) nasce em Benguela, Angola. Em 1958 parte para Lisboa, onde ingressa no Instituto Superior Técnico (Engenharia) que freqüenta até 1960. Em 1961, transfere-se para o curso de Letras. Neste mesmo ano acontece, em Luanda, a revolta que origina a Guerra Colonial. Em 1963, torna-se militante do MPLA - Movimento Popular para a Libertação de Angola. Entre 1960 e 1970 freqüenta a casa dos estudantes do Império, em Lisboa, berço dos ideais de independência. Exilado na França e na Argélia, posteriormente gradua-se em Sociologia. Em 1975 ocorre a Independência de Angola. …exibir mais conteúdo…
O Comandante foi sentar-se junto do Presidente Kafuxi, a arma nova na mão. Ngunga ficou muito tempo a admirar a arma luzidia. Ele só tinha uma fisga. Mas um dia...”. (PEPETELA, 1972, P.9).
A estratégia do narrador de utilizar esse três pontinhos antecipa algumas cenas futuras. Ngunga tornar-se-á também guerrilheiro do movimento MPLA, ou melhor, um DP para lutar contra os colonialistas portugueses em defesa de seu povo, como se verifica nos seguintes trechos: “- Nunca te esqueças de que és um pioneiro do MPLA. Luta onde estiveres, Ngunga”.(PEPETELA, 1972, P.38); e “- Não tenham medo camaradas. Sou Ngunga, um pioneiro.”. (PEPETELA, 1972, P.42). Outras passagens também comprovam o ambiente de guerra no qual se passa a narrativa: “ Ngunga contemplava o rio, onde se misturava o azul do céu e as cores avermelhadas. Uma canoa estava na margem do rio. Tudo parado. Quem podia pensar que ali era uma zona de guerra?”. (PEPETELA, 1972, P.10).
No trecho acima, além de comprovar o ambiente de guerrilha, o qual faz parte do contexto histórico, temos também outra característica do romantismo: a descrição e o contato com a natureza, presente em todo o romance.
O Sol escondia-se por trás das matas, do outro lado do Kuando. A despedir-se, iluminava o céu vermelho, enquanto as nuvens pequenas recebiam primeiro