Algumas considerações sobre o livro de Maldidier Em seu livro A Inquietação do Discurso: (Re) Ler Michel Pêcheux Hoje, Denise Maldidier (2003) nos apresenta o universo teórico de Pêcheux, suas dúvidas, incertezas e na própria acepção da palavra, suas inquietações .Maldidier propõe verificar a análise do discurso pontuado pela história e não se identifica à história da análise do discurso.Apresenta de forma sui generis os 40 anos de debates, teorias, controvérsias,avanços,indagações,críticas e oposições teóricas sobre AD. O projeto de Pêcheux começa a ganhar forma quando ele e seus dois amigos, Paul Henry e Michel Plon, passam a formar a “Comuna dos três amigos”. Em 1960 , Pêcheux propõe a construção de uma máquina de leitura – com apoio de ferramentas informatizadas – cujo funcionamento ficou conhecido como análise automática do discurso, a AAD – que também nomeou o começo da teoria do discurso – ou ainda, maquinaria discursiva. Como explica Maldidier, essa máquina é um dispositivo que comporta duas fases distintas: a “primeira, dita registro da superfície discursiva, é manual, ela é o prelúdio necessário à segunda, a única propriamente “automática” (Maldidier, p. 23). A partir desse dispositivo é possível deslinearizar as sequências textuais, deslocando a ordem sintática do enunciado; é possível (re)construir novos encadeamentos sintáticos evocando novas redes de sentido. O objetivo de Pêcheux era justamente explicitar este processo, no qual “o discurso não