“Dom Casmurro”, de Machado de Assis, tem 148 capítulos. Para efeito de análise literária, a última vez que o li dividi-o em oito partes, assim organizadas: o Primeiro e o II capítulos originais ficam sendo a primeira parte, ou intróito explicativo; do III ao VII temos a apresentação dos familiares do protagonista; do VIII ao X, ainda preambulares, temos a metáfora que resume a condição humana. A história propriamente inicia-se a partir do XI, e gira até o XVII em torno da suspeita de namoro dos adolescentes protagonistas. A quinta parte é o do plano dedicado a fazer com que Bentinho escape ao seminário, que vai do XVIII ao XLIII capítulos. A partir do seguinte, XLIV, começa a sexta parte, que é a da fase do seminário, e a sétima tem início no XCVIII e vai até o CXLVIII: corresponde à vida de casado. O desenlace melancólico dá-se na oitava parte, entre os capítulos CXXIII e CXLVIII. Esta é uma divisão particular, sujeita naturalmente a revisão. Serviu-me bem, todavia, para os propósitos deste ensaio, dedicado em parte a refletir sobre a paternidade de Ezequiel: filho de Bentinho ou de Escobar? A segunda vez que li “Dom Casmurro” tive certeza de que Capitu traíra o esposo, porém essa certeza foi por água abaixo, da última vez. Imagino hoje que o que encanta nesse livro não é a possibilidade que é dada a cada um de admitir ou negar a traição de Capitu, mediante as pistas oferecidas pelo romancista (aqui transcrevo apenas uma, a meu ver a mais séria). O que encanta e